quinta-feira, 1 de novembro de 2007

«Prova de crença», diz ele

  • «Setenta por cento dos conselheiros nacionais do PSD aprovaram a proposta da direcção do partido que defende a ratificação parlamentar do Tratado Reformador da UE. (...) Ao optar pela ratificação do Tratado, Portugal estará a "dar um exemplo de maturidade e crença no projecto europeu", defendeu [Luís Filipe Menezes].» (Jornal de Notícias)

Com Marques Mendes, o PSD era favorável à ratificação em referendo do tratado ex-«constitucional». Com Menezes, quer dar uma «prova de crença» na fé europeísta. Não é um acaso o uso de linguagem religiosa a propósito da UE: o projecto de uma federação europeia é utópico e por isso requer o dispositivo de negação da realidade a que se chama «fé». Mas enfim: abençoados sejam os líderes partidários que esquecem as exigências de eleição dos constituintes próprias das constituições democráticas, e que professam tanta fé nas constituições elaboradas à porta fechada por representantes não eleitos. Deles será o reino de Bruxelas.

5 comentários :

samuel disse...

Credo!!!

Filipe Castro disse...

Eu infelizmente nao acho que o projecto Barroso/Bolkestein seja utopico: já se aplicou no Chile de Pinochet, na Argentina e no Brasil dos generais, na Indonesia de Suharto, etc. e funcionou perfeitamente. Lá porque há agora uns problemas de implementacao no Iraque (puseram um idiota a dirigir o processo), nao creio que se possa falar de utopia.

Ricardo Alves disse...

És um pessimista, Filipe. ;)

Filipe Moura disse...

Não vejo nenhuma linguagem religiosa por parte do Menezes, Ricardo. Só a vi no teu texto ("crença" não é linguagem religiosa).

Ricardo Alves disse...

Definição de «crença» no dicionário:

«s. f.,
fé, lei religiosa;
convicção;
pendor para certa pessoa, desejo amoroso;
credencial, crédito diplomático;
pop.,
desconfiança, birra.»

http://www.priberam.pt/