O Filipe tem razão. Como membros empenhados da conspiração secularista que visa extirpar o cristianismo da Europa (e do resto do universo conhecido e por conhecer), com o propósito secreto de a tranformar num feudo ateísta-islamista (1), deveríamos declarar guerra ao Natal (2), e portanto organizarmo-nos para espalhar piri-piri nas óstias da missa do galo, cortar o fornecimento de papel de embrulho, e espalhar boatos sobre as preferências sexuais do Pai Natal.
Mas, pensando melhor, o relacionamento entre os religiosos e os anti-religiosos deve ser como aquela célebre conversa em que o masoquista diz para o sádico:
-Faz-me mal.
E o sádico responde:
-Não faço, não faço...
Efectivamente, quando se adere a uma religião como a cristã, na qual o mito central é um episódio de perseguição religiosa que termina com o herói a ser humilhado e morto, não há nada que facilite mais a identificação do crente com o seu ídolo do que sentir-se perseguido, nem que seja apenas temporariamente. E a pior desfeita que podemos fazer aos cristãos é, por isso mesmo, não lhes fazer guerras. Um cristão sem se sentir vítima nem se sente cristão. Portanto Filipe, vamos tomar uma bebida quente, e esperar que eles comecem com aquela choraminguice do costume, a queixarem-se que quem não celebra o solstício à moda deles está a persegui-los, que se cruzam na rua com pessoas que dizem «boa tarde» e não «santo Natal na paz do Ratzinger», que se não há um presépio em cada esquina é porque querem extinguir o «Deus» deles, etc. Algo me diz que a festa está prestes a começar (3).
(1) Há mesmo quem acredite nisto. Juro.
(2) Ver alguns episódios da saga do ano passado aqui e acolá.
(3) António Marujo, estou a falar contigo, rapaz.
2 comentários :
Acho que vou anunciar que este ano vou montar um presépio em casa! :o)
Ai-ai... ;)
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