quarta-feira, 31 de outubro de 2007

A consciência que objecta

O papa dos católicos romanos quer que os farmacêuticos aleguem «objecção de consciência» para não venderem a «pílula do dia seguinte». Duvido que os comerciantes do ramo dos medicamentos concordem em reduzir o âmbito do seu negócio, mas é divertido imaginar um mundo onde todos pudéssemos invocar «objecção de consciência» em cada aspecto da nossa vida profissional. Por exemplo: os médicos poderem recusar-se a fazer transfusões de sangue; os comerciantes poderem recusar vender fosse o que fosse a homossexuais, ou a mulheres com a cara destapada; os vendedores de calendários poderem recusar fornecê-los a casais que os utilizassem na sua estratégia contraceptiva; os professores poderem negar-se a ensinar a teoria da evolução; os produtores de vinho poderem recusar vender carrascão para ser usado nas missas católicas... Pensando melhor, o mundo da «objecção de consciência» de Ratzinger não parece divertido: parece assustador.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]

5 comentários :

Anónimo disse...

Noutros campos, e por exemplo, a Concordata em negociação entre Bratislava e o Vaticano prevê, justamente, a consagração da cláusula de objecção de consciência numa série de temáticas jurídicas do Estado Eslovaco.

Ricardo Alves disse...

Era justamente na Eslováquia que estava a pensar quando escrevi isto.

Pedro Morgado disse...

Caros,

Não podemos ceder na luta para impor limites à objecção de consciência com base em convicções religiosas...

Anónimo disse...

Pois, bem me pareceu que o post se encaixava que nem uma luva na situação que se vai assistindo em Bratislava. :). E de facto, caro Morgado, é mesmo para não ceder...

bloom disse...

http://cmiskp.echr.coe.int/tkp197/view.asp?action=html&documentId=680925&portal=hbkm&source=externalbydocnumber&table=F69A27FD8FB86142BF01C1166DEA398649

decisão do TEDH Pichon e Sajous c. França : não, a obrigação de vender certos produtos não viola a liberdade de consciência e de religião.