quinta-feira, 29 de abril de 2010

Revista de blogues (29/4/2010)

  1. «Em vez de estratégias de respostas com projectos e a mobilização de vontades e brios, os governados sabem que os governantes vão aproveitar a oportunidade para questionar o adquirido e rasparem euros e cêntimos nas âncoras do Estado social. E nunca é aproveitada a crise como oportunidade, que é, de, impulsionando solidariedades, redistribuir os contributos consoante a capacidade para contribuir, tornando a sociedade menos desigual. Não, os bolsos que se atacam, os direitos que se corroem, são sempre os dos mesmos: os assalariados, os reformados, agora até os desempregados com direito a subsídio. Assim, falando dos partidos charneira dos governos, se o PS, desde Guterres, cristalizou a sua “identidade socialista” no assistencialismo aos deserdados pela intensificação da polarização dos lucros e da selva capitalista e financeira, o PSD, por sua vez, justificando a sua natureza classista, atira as responsabilidades dos problemas para as costas do Estado, propondo sempre e monotonamente a diminuição do seu alcance social. Do lado do PS, invoca-se que a regressão social é uma necessidade para viabilizar o Estado social, o que, no mínimo, é um paradoxo. Pela parte do PSD, não se disfarça a evidência que a pulsão insaciável pelas privatizações mais não visa que inventar novos mercados, mercantilizando os serviços que dão corpo aos direitos sociais. E o Estado, o grande ponto de unidade de interesses entre o PS e o PSD, na medida que alimentam as suas imensas clientelas de beneficiários das ocupações massivas e partilhadas, com ou sem alternância, do aparelho de Estado e dos aparelhos municipais, verdadeiras molas reais do poder político efectivo em Portugal, surge no debate público concentrando a aparente disparidade ideológica entre os partidos governantes.» (Vias de Facto)
  2. «O cardeal Antonio María Rouco Varela, bispo de Madrid, um dos mais reaccionários de Espanha e do mundo, abriu feridas insanáveis com a ajuda de Ratzinger, ao canonizar e beatificar, em doses industriais, defuntos admiradores de Franco. (...) O juiz de instrução do Supremo Tribunal, Luciano Varela, levará a julgamento Baltasar Garzón, por ter decidido investigar os desaparecidos da guerra civil e do franquismo, violando a lei de amnistia geral de 1977. Faltava este Varela para evitar que os crimes de um dos mais sanguinários ditadores do século passado fossem conhecidos com rigor. Rejubilam os franquistas, incluindo a maioria do clero, que assistiram à democratização de Espanha, convictos de que Franco era o enviado da providência divina. O fascismo está vivo nas Forças Armadas, nos Tribunais e nas Universidades que permaneceram intactas, tal como a Igreja católica, e se mantêm redutos sólidos do fascismo espanhol.» (Ponte Europa)

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