...com a publicação deste artigo. Até ao final de Agosto, já será muito se conseguir ir colocando um artigo por semana, pois duvido que tenha disponibilidade para tanto.
Em jeito de balanço...
Desde o início, em Março, este blogue teve o seu melhor momento (refiro-me ao gozo pessoal do autor), na polémica sobre a lei francesa contra os símbolos religiosos ostentatórios, mantida em Junho com o Rui Fernandes do Leileteia (o que é feito desse blogue e do seu autor?). A outra polémica de nota, esta logo em Março, foi com o Vital Moreira, sobre a ausência da laicidade no Tratado Constitucional europeu.
Como evito restringir-me a ecoar as «actualidades» portugas (para isso existem os jornais e dezenas de outros blogues), e nem sempre há imaginação, tenho aqui transcrito, desavergonhada e abundantemente, artigos inteiros de laicistas militantes que admiro, como Henri Peña-Ruiz, Salman Rushdie, Ayaan Hirsi Ali, Polly Toynbee, Christopher Hitchens, Richard Dawkins ou Taslima Nasreen. As Revistas de imprensa (que não sei se aproveitam a alguém...) têm constituído outra «rubrica» frequente.
De resto, até agora os temas habituais foram: a laicidade, o «não» ao Tratado constitucional europeu, defesas da APF e da despenalização da IG, o combate aos fascismos lusitano e islâmico, e política de esquerda em geral, com algumas concessões aos meus impulsos mais rigoristas em dois artigos que a muita boa gente devem parecer extravagantes: «Soundbytes ou sound bites?» e «O politicamente correcto nunca existiu».
De qualquer modo, o Esquerda Republicana não terminará aqui, apesar de o número de leitores regulares (que deverá andar entre as duas e as três dezenas) ser pouco entusiasmante.
Entretanto, aconselho a leitura do Diário Ateísta (que não vai de férias).
9 comentários :
Aproveita as férias, rapaz.
Boas férias, rápido e retemperado regresso! Este é um dos melhores blogues que conheço e espero que cresça mais em popularidade, que bem merece.
Considero o esquerda republicana um bom blogue, um espaço de visita regular.
3 dezenas pouco entusiasmante? Caro Ricardo Alves, nos tempos que correm se conseguir que 10 pessoas realmente o ouçam, tentem seguir o seu raciocínio de forma aberta e sem preconceitos, deve-se considerar um afortunado. Melhor ter poucos mas bons do que muitos ruidosos e confusionistas.
boas férias
Boas Férias.
Não penses em acabar com este blogue. Para mim é um dos melhores a nível nacional. Continuarei com o DA até ao teu regresso em Setembro.
:)
Bom descanso, e volte em Setembro. O Esquerda Republicana, para além de ter o nome mais bonito da luso blogosfera, faz muita falta. Aprende-se muito aqui.
2, 3 Dezenas! isso é uma enormidade! Eu esforço-me e nada!; e ainda tenho que contar com as minhas visitas! Boas férias, e regressem, se conseguirem, ainda republicanos. (Este comentário foi mesmo só para fazer publiciadade ao meu blog); de qualquer conto-me entre esses trintas (de quando em vez!)
NACIONALISMO, EXTREMA-DIREITA, OU LIBERDADE DE EXPRESSÃO?
Temos vindo a assistir, de há uns dois anos para cá, a um crescendo na divulgação de ideais extremistas via Internet, nomeadamente, ideais de extrema-direita, auto conotados como “nacionalismo”.
Principalmente através de blogs, mas também, em menor escala, através de portais, fóruns ou mesmo sites.
Isto deve-se, essencialmente, à liberdade de expressão e à facilidade em veicular opiniões decorrentes da globalização e democratização dos meios de comunicação online.
Esta democratização é positiva, e permite-nos auscultar informalmente o que se passa no espectro opinativo e ideológico nacional, com mais ou menos fiabilidade.
O facto de estes ideais encontrarem um espaço livre para se desenvolverem não é, ou não tem sido, até agora, motivo de preocupação, tanto mais que acabam por se restringir a círculos bem definidos de leitores e comentadores.
A privacidade que o blog proporciona, a não obrigatoriedade de assinar com nome verdadeiro aquilo que se veicula e a distância segura entre autor e visado/comentador, gera uma espécie de conforto mútuo que permite o desenrolar de um discurso quase sem limites.
O que é curioso é que as ideologias extremistas (da esquerda à direita, as diferenças acabam por não ser tantas assim – os extremos tocam-se), têm uma apetência primordial, histórica mesmo, pelo controle da informação (censura, manipulação, etc.).
E é curioso, como referi, (ou contraditório?), que estes seguidores se sirvam daquilo que é, actualmente, o meio de comunicação mais livre e democrático – a Internet.
Sem querer ser exaustivo na análise, que nada tem de académico ou pretensioso, antes, isso sim, informal e movida pela curiosidade, gostaria de deixar aqui os traços gerais deste fenómeno assaz interessante que tem vindo a marcar uma cada vez mais forte presença nos meios cibernéticos portugueses.
Quando muito, este texto servirá para contribuir para a desmistificação do dito fenómeno, dissecando-o ao de leve.
Mais: seria proveitoso que outros lhe pegassem como ponto de partida para discussão, aprofundamento e aperfeiçoamento.
É, se quiserem, uma espécie de “provocação”, no bom sentido, pois, mais do que ignorar aquilo que não nos agrada, é preciso compreender e, se necessário, desmontar, para que velhos fantasmas não se ergam.
Quais são, então, as linhas gerais deste fenómeno de ressurgimento?
1. O saudosismo. É com uma frequência quase constante que assistimos ao recurso a uma linguagem saudosista, essencialmente do Estado Novo, como regime ideal, “limpo”, gerador de ordem e tranquilidade.
O Estado Novo é visto, a par dos Descobrimentos, como o Eldorado da História de Portugal, um período de progresso e ordem.
Este sentimento assume, em muitos casos, um contorno quase religioso (Salazar – Cristo feito Homem e enviado pela Providência para salvar Portugal do abismo... o Santo de Santa Comba...);
2. Inconsistência do discurso. Estes “nacionalistas” entram, não raras vezes, em contradição consigo próprios.
Muitos deles revelam um profundo desconhecimento da História de Portugal, guiando-se por lugares-comuns, “clichés”, frases feitas e mitos, sem aprofundarem, por não saberem ou não quererem, as questões que trazem a lume.
3. Aversão primária e visceral à Revolução de 25 de Abril de 1974. O “fim da Pátria”, a “abrilada” como lhe chamam em sentido pejorativo, levado a cabo por “traidores”, “abrileiros”, “comunas”, “vermelhos”, etc.
O “fim do Império”, a grande traição, o fim de uma guerra colonial que acabaria por ser ganha mais tarde ou mais cedo (?), na defesa do solo português em África. A depravação, a queda dos valores primordiais (Deus, Pátria, Família).
4. Radicalismo. Para estes indivíduos não existe tolerância ou meio termo.
Apelam ao reducionismo mental do princípio segundo o qual “se não estás comigo estás contra mim”. O “inimigo” é todo aquele que não partilha das mesmas ideias.
E se “estás contra mim” és comunista.
Tal como o radicalismo da extrema-esquerda (“se não pensas como eu, és fascista”), os militantes da extrema-direita gostam imenso de colocar rótulos deste tipo, desconhecendo ou ignorando propositadamente a existência de ideologias democráticas e tolerantes, tanto de esquerda como de direita que, aliás, permitem a sua livre expressão;
5. Linguagem.
Aqui é preciso separar as águas: há dois tipos de “nacionalista”.
5.1. O nacionalista erudito ou intelectual, parece viver rodeado de livros e velhos papéis. Sabe escrever, construir um texto minimamente coerente, e até fundamentar muito daquilo que diz.
Apesar de ser muitas vezes incoerente e sempre intolerante, não recorre sistematicamente a uma linguagem grosseira ou violenta;
5.2. o nacionalista arruaceiro, é, em geral, mais jovem e menos letrado.
Acrescendo ao desconhecimento político e histórico a dificuldade em escrever, este arruaceiro dá constantemente erros ortográficos e gramaticais.
Recorre a uma linguagem violenta e grosseira, principalmente quando carece de argumentação.
Encontra-se nas fileiras mais radicais (“skinheads”, por exemplo).
6. Iconografia. Por vezes, os sites são uma autêntica “manta de retalhos”.
São frequentes as imagens de símbolos do Império (da ditadura salazarista e usurpadas à época dos Descobrimentos).
Muitas das vezes (a maior parte), não conhecem o que está por detrás da imagem, desconhecendo a vida e a obra de grande parte das personagens (por exemplo, Luiz de Camões).
7. Xenofobia. Por mais que tentem negar a sua faceta racista, esta acaba sempre por vir ao de cima, nem que seja pela relação causa-efeito que estabelecem entre crime e imigração (uma das bandeiras mais queridas entre estas hostes).
Muitos vão mesmo mais longe, não escondendo as suas simpatias pelo regime nazi;
8. Homofobia. Tentam constantemente provar a sua masculinidade, mesmo quando não é necessário. A homossexualidade é uma grave doença, e os “paneleiros” deveriam ser todos “dizimados”.
Quem se mostrar contra esta opinião é imediatamente classificado ou rotulado como “um deles”.
Por fim, a sua distribuição geográfica, ainda que difícil de definir, parece concentrar-se essencialmente na zona de Lisboa e no Alentejo.
Espero que este texto seja discutido, aprofundado, melhorado, aperfeiçoado, etc.
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