Vital Moreira respondeu, no Causa Nossa, ao meu artigo sobre a sua convergência europeísta com José Policarpo. O tom da resposta, se bem que algo irónico, é indubitavelmente de irritação.
Devo assinalar que respeito e admiro o passado de Vital Moreira em defesa da laicidade do Estado, de que destaco particularmente as suas intervenções sobre a Concordata e a Lei da Liberdade Religiosa. Justamente por respeitar e admirar essas posições, estranho que Vital não se aperceba de que o Tratado Constitucional da União Europeia é, efectivamente, um «monumento antilaicista e católico apostólico romano». Aliás, quem o corrobora é a COMECE (Comissão dos Episcopados das Comunidades Europeias) que logo que a Convenção terminou os seus trabalhos declarou que «[os bispos europeus] foram unânimes em acolher favoravelmente este projecto [de Tratado]» e que «saudaram o lugar que foi reservado [às questões religiosas] neste projecto, nomeadamente o artigo I-51» (actualmente, o artigo I-52). Recorde-se que a adopção deste artigo fora pedida pela COMECE (documento de 21/5/2002) e pelo próprio Karol Wojtyla (exortação apostólica «Ecclesia in Europa», 28/6/2003, parágrafo 114). A «referência a Deus» no Preâmbulo, se explícita, teria sido a cereja no cimo do bolo, mas convenhamos que serviu como cortina de fumo...
Finalmente, garanto a Vital Moreira que não sou Papa para decidir quem é da esquerda republicana e laica ou não, mas acrescento que se não gosta da companhia clerical em que se encontra (e que naturalmente lhe desagrada), pode tirar as devidas conclusões. Será que a unidade europeia vale bem uma missa?
Sem comentários :
Enviar um comentário