quinta-feira, 16 de junho de 2005

Do 50 ao 500

Eu não acredito num grupo de 500 adolescentes coordenados para cometerem crimes. Os gangues de criminosos, quando ultrapassam os dez elementos, já originam rivalidades desagregadoras. Por isso, a estória do «arrastão» de Carcavelos cheirou-me a exagero sensacionalista desde o princípio.
Nos últimos dias, a PSP tem desmontado paulatinamente a imagem inicial dos acontecimentos, como se pode ler hoje no Público. Os factos apurados são muito mais plausíveis do que o tremendo «arrastão» imaginado pelos media: no máximo, 40 pessoas terão cometido «ilícitos». Aliás, os roubos e agressões não terão sido muitos, já que só foi apresentada uma queixa por roubo, para além de outra por agressão a um polícia. Os restantes 460 indivíduos presentes na praia foram considerados «envolvidos» por terem a mesma cor de pele do que os criminosos que resolveram, ao que tudo indica espontaneamente, roubar carteiras e telemóveis.
Comentários:
  1. Os nossos media, que alguns alienados afirmam serem «dominados pela esquerda multiculturalista», escorregam facilmente para o estereótipo da «temível multidão de negros desordeiros»;
  2. O civismo, que inclui o dever de reportar roubos e agressões, não é a norma dominante entre os banhistas de Carcavelos;
  3. As leis aplicam-se a todos, logo quem comete crimes deve ser julgado e condenado;
  4. Os crimes não podem ser desculpados por «causas sociais», mas, no mínimo dos mínimos, há que acabar de uma vez por todas com os bairros de barracas.

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