Eu não acredito num grupo de 500 adolescentes coordenados para cometerem crimes. Os gangues de criminosos, quando ultrapassam os dez elementos, já originam rivalidades desagregadoras. Por isso, a estória do «arrastão» de Carcavelos cheirou-me a exagero sensacionalista desde o princípio.
Nos últimos dias, a PSP tem desmontado paulatinamente a imagem inicial dos acontecimentos, como se pode ler hoje no Público. Os factos apurados são muito mais plausíveis do que o tremendo «arrastão» imaginado pelos media: no máximo, 40 pessoas terão cometido «ilícitos». Aliás, os roubos e agressões não terão sido muitos, já que só foi apresentada uma queixa por roubo, para além de outra por agressão a um polícia. Os restantes 460 indivíduos presentes na praia foram considerados «envolvidos» por terem a mesma cor de pele do que os criminosos que resolveram, ao que tudo indica espontaneamente, roubar carteiras e telemóveis.
Comentários:
- Os nossos media, que alguns alienados afirmam serem «dominados pela esquerda multiculturalista», escorregam facilmente para o estereótipo da «temível multidão de negros desordeiros»;
- O civismo, que inclui o dever de reportar roubos e agressões, não é a norma dominante entre os banhistas de Carcavelos;
- As leis aplicam-se a todos, logo quem comete crimes deve ser julgado e condenado;
- Os crimes não podem ser desculpados por «causas sociais», mas, no mínimo dos mínimos, há que acabar de uma vez por todas com os bairros de barracas.
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