Considero um escândalo que a actual lei sobre as interrupções de gravidez (IG) seja, na prática, desaplicada devido à «objecção de consciência» dos médicos. Existem aliás indícios de que, em mais de duas décadas de vigência de uma lei que permite a interrupção da gravidez em condições legais, não se realizou um único aborto legal nas ilhas atlânticas. Presumivelmente, haverá hospitais inteiros (e, logo, regiões inteiras) em que a dita «objecção de consciência» será decidida pela hierarquia hospitalar.
O Ministro da Saúde, Correia de Campos, decidiu que o Estado pagará as IG em clínicas privadas. Provavelmente, nalgumas dessas clínicas trabalharão médicos que recusam fazer IG em hospitais públicos. A decisão revela menos coragem do que pode parecer à primeira vista. Revela, sobretudo, as dificuldades de afrontar a classe médica...
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