Mais de um ano depois da lei contra os símbolos religiosos «ostensivos» nas escolas públicas francesas, pode concluir-se, em jeito de balanço, que a catástrofe prevista por alguns não se concretizou. Não se verificou nem a exclusão em grande número de alunas muçulmanas, nem a abertura generalizada de escolas privadas islâmicas, nem o agudizar das tensões religiosas. Antes pelo contrário.
Segundo um artigo da Révue républicaine, apenas quarenta e quatro alunas muçulmanas foram excluídas da escola, para além de três alunos sikhs. Algumas dezenas de alunas terão decidido prosseguir os seus estudos no estrangeiro e um número também indeterminado de alunas, na ordem das dezenas, terá sido de-escolarizada. A esmagadora maioria das alunas que usavam o véu há um ano atrás, cerca de oitocentas, frequenta agora, sem véu, as escolas públicas. A lei foi portanto bem aceite por 90% das alunas muçulmanas.
Existe evidentemente quem, na esquerda comunitarista, continue convencido de que não valeu a pena. No entanto, longe de uma escalada islamofóbica, a lei francesa até permite que se faça exame com véu.
O ano passado, a opinião publicada em Portugal, da esquerda multiculturalista à direita católica, era unânime em condenar a lei francesa. E no entanto, aquelas oitocentas raparigas receberam do Estado francês um sinal claro de que a escola pública pode emancipá-las da tutela familiar e da «identidade cultural» tão ferozmente defendida pelos extremistas religiosos.
1 comentário :
Concordo com este texto.
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