Creio que vale a pena prestar atenção à seguinte notícia do Público com o título «Ex-céptico das alterações climáticas diz agora que estava errado»:
«Muller é professor de Física na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e coordena o projecto Berkeley Earth, que utiliza novas metodologias para investigar as conclusões de outros cientistas do clima. O projecto é financiado por organizações como a Fundação Charles Koch que, com o seu fundador, do sector das petroquímicas Charles G. Koch, tem já um historial de apoio a grupos que negam as alterações climáticas.
“Há três anos identifiquei problemas em estudos climáticos que, na minha opinião, permitiam duvidar da própria existência do aquecimento global”, escreveu Muller no New York Times, a 28 de Julho. Contudo, “no ano passado, depois de uma investigação intensa que envolveu uma dezena de cientistas, concluí que o aquecimento global é real e que as estimativas anteriores do ritmo do aumento das temperaturas estavam correctas. Vou ainda mais longe: os humanos são quase totalmente responsáveis.”
O físico explica que mudou de opinião tão subitamente depois do estudo realizado pela sua equipa sobre as temperaturas à superfície do planeta. Os resultados mostram que a temperatura média da terra aumentou 1,5ºC nos últimos 250 anos, dos quais 0,9ºC nos últimos 50 anos. “Além disso, parece provável que quase todo este aumento tenha resultado das emissões humanas de gases com efeito de estufa”, acrescentou.
[...]
“Tentámos fazer corresponder os picos de aumento de temperatura a fenómenos como a actividade solar ou até mesmo à população mundial. Mas, de longe, aquilo que melhor explica as oscilações de temperatura são os registos do dióxido de carbono na atmosfera.”»
A relevância desta notícia é que ela permite rejeitar a perspectiva pós-modernista de que o consenso entre os especialistas na área se deve a questões não científicas (o alarmismo proporcionaria maior financiamento, o que incentivaria os cientistas a defender a teoria do efeito de estufa) - eis um projecto onde os seus participantes teriam todas as motivações pessoais para obter um resultado oposto (muito em particular no que diz respeito ao financiamento), e ainda assim chegaram à conclusão de os gases de efeito de estufa têm sido os causadores do aquecimento global.
O alargadíssimo consenso nesta área deve-se sim ao peso das evidências.
«Muller é professor de Física na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e coordena o projecto Berkeley Earth, que utiliza novas metodologias para investigar as conclusões de outros cientistas do clima. O projecto é financiado por organizações como a Fundação Charles Koch que, com o seu fundador, do sector das petroquímicas Charles G. Koch, tem já um historial de apoio a grupos que negam as alterações climáticas.
“Há três anos identifiquei problemas em estudos climáticos que, na minha opinião, permitiam duvidar da própria existência do aquecimento global”, escreveu Muller no New York Times, a 28 de Julho. Contudo, “no ano passado, depois de uma investigação intensa que envolveu uma dezena de cientistas, concluí que o aquecimento global é real e que as estimativas anteriores do ritmo do aumento das temperaturas estavam correctas. Vou ainda mais longe: os humanos são quase totalmente responsáveis.”
O físico explica que mudou de opinião tão subitamente depois do estudo realizado pela sua equipa sobre as temperaturas à superfície do planeta. Os resultados mostram que a temperatura média da terra aumentou 1,5ºC nos últimos 250 anos, dos quais 0,9ºC nos últimos 50 anos. “Além disso, parece provável que quase todo este aumento tenha resultado das emissões humanas de gases com efeito de estufa”, acrescentou.
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“Tentámos fazer corresponder os picos de aumento de temperatura a fenómenos como a actividade solar ou até mesmo à população mundial. Mas, de longe, aquilo que melhor explica as oscilações de temperatura são os registos do dióxido de carbono na atmosfera.”»
A relevância desta notícia é que ela permite rejeitar a perspectiva pós-modernista de que o consenso entre os especialistas na área se deve a questões não científicas (o alarmismo proporcionaria maior financiamento, o que incentivaria os cientistas a defender a teoria do efeito de estufa) - eis um projecto onde os seus participantes teriam todas as motivações pessoais para obter um resultado oposto (muito em particular no que diz respeito ao financiamento), e ainda assim chegaram à conclusão de os gases de efeito de estufa têm sido os causadores do aquecimento global.
O alargadíssimo consenso nesta área deve-se sim ao peso das evidências.
3 comentários :
É a opinião de um indivíduo. Há outras opiniões. Por exemplo, no artigo que lincaste:
«uma cientista do projecto, Judith Curry, do Instituto de Tecnologia de Georgia, recusou ser incluída como uma das autoras deste estudo. “As conclusões são demasiado simplistas e, na minha opinião, pouco convincentes”, disse, citada pelo New York Times».
Ricardo,
A generalidade da comunidade científica que estuda esse campo acredita que o aquecimento global actual se deve ao efeito de estufa. Isso verifica-se não só no pronunciamento das várias academias, mas também à proporção de artigos publicados com revisão por pares (97% dos que respondem a essa questão respondem positivamente).
Mas há quem defenda a ideia pós-modernista de que esse consenso se deve ao facto dos climatologistas todos terem razões pessoais (relativas ao financiamento da investigação) para serem alarmistas.
Essa razão até pode explicar a atitude de Judith Curry, mas certamente não explica a de Muller. É essa a relevância da notícia. Não o facto de ser mais um cientista que estudou o assunto com essa opinião - já são tantos... - mas sim o facto de não fazer sentido a desculpa do costume. Aceitamos o consenso dos especialistas em todas as áreas científicas onde não somos capazes de avaliar os argumentos pelos seus méritos, menos nesta.
Esta inconsistência tem a meu ver uma origem perversa: a propaganda financiada por quem tem interesse em não ver a realidade. Não conseguem comprar os cientistas, mas conseguem influenciar a percepção pública do seu trabalho.
João Vasco,
a maioria não é argumento em ciência.
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