João Paulo Batalha, membro da Direção da TIAC, escreveu críticas certeiras e pertinentes no Público. Não posso deixar de destacar algumas partes (negrito acrescentado):
«Obcecados com as sondagens que ditam a sua vida ou morte política, é compreensível que alguns destes [decisores políticos] suspirem por uma vida mais simples, em que o julgamento público não fosse tão rápido e impiedoso. [...]
Em democracia, com o poder vem responsabilidade. E escrutínio, nem sempre justo. São as regras do jogo. Ou eram. Porque em Portugal há um ministro que governa sem a maçada das sondagens, do escrutínio público, da prestação de contas no Parlamento. A chuva que fustiga Vítor Gaspar ou Álvaro Santos Pereira não molha António Borges. Para ele, com grande poder não vem na verdade responsabilidade alguma.
Ex-quadro da Goldman Sachs e do FMI, ex-banqueiro e administrador de inúmeras empresas, Borges foi contratado por Passos Coelho para assessorar o Governo na condução das privatizações. O homem acaba por refletir o processo: se nas privatizações falta transparência e debate público, não destoa que o seu coordenador seja um homem que só aparece quando quer, que toma as suas decisões à porta fechada e não preste explicações aos portugueses, ao Parlamento ou sequer ao Conselho de Ministros, onde nem tem assento.
Claro que, tecnicamente, as decisões não são dele. É um mero assessor. É isso que lhe permite, por exemplo, dar uma entrevista à TVI explicando todos os pormenores da privatização da RTP, anunciando o encerramento do segundo canal, os contornos de um eventual modelo de concessão, até o futuro dos trabalhadores da empresa; e respondendo simplesmente “terá de perguntar ao Governo” sempre que uma pergunta o enfada ou embaraça.
Assessores há muitos, como diria o comediante, mas António Borges não é um assessor qualquer. Por ele passam processos milionários, sem que estejam (nem de perto nem de longe) acautelados eventuais conflitos de interesses decorrentes das ligações que continua a ter ao setor privado. É no seu gabinete que se definem muitos negócios do Estado, cujo impacto (económico, político e social) sobre o país só será em muitos casos inteiramente medido daqui a vários anos. Em suma, António Borges é um autêntico ministro-sombra, ou melhor dizendo, um ministro na sombra.
Perdemos todos com esta falta de transparência. Porque sem sabermos exatamente quem este homem é – e quem serve, no fim de contas – torna-se impossível escrutinar a sua atuação. Impossível, por exemplo, perceber porque se apressou António Borges a considerar justo o preço oferecido pelos brasileiros da Camargo Côrrea pela Cimpor, quando a própria administração da empresa o considerou baixo – não costuma ser o vendedor a regatear o preço!
[...]
Em Portugal, a contratação pública não é transparente, os negócios do Estado com privados (sejam privatizações, concessões ou PPP) não são transparentes, a política não é suficientemente transparente, a Justiça não é nem transparente nem percetível. Mas ao menos sabíamos quem mandava. Hoje, ao que parece, manda quem sabe, no recato sombrio onde nunca se molha, e obedece quem deve.
«Obcecados com as sondagens que ditam a sua vida ou morte política, é compreensível que alguns destes [decisores políticos] suspirem por uma vida mais simples, em que o julgamento público não fosse tão rápido e impiedoso. [...]
Em democracia, com o poder vem responsabilidade. E escrutínio, nem sempre justo. São as regras do jogo. Ou eram. Porque em Portugal há um ministro que governa sem a maçada das sondagens, do escrutínio público, da prestação de contas no Parlamento. A chuva que fustiga Vítor Gaspar ou Álvaro Santos Pereira não molha António Borges. Para ele, com grande poder não vem na verdade responsabilidade alguma.
Ex-quadro da Goldman Sachs e do FMI, ex-banqueiro e administrador de inúmeras empresas, Borges foi contratado por Passos Coelho para assessorar o Governo na condução das privatizações. O homem acaba por refletir o processo: se nas privatizações falta transparência e debate público, não destoa que o seu coordenador seja um homem que só aparece quando quer, que toma as suas decisões à porta fechada e não preste explicações aos portugueses, ao Parlamento ou sequer ao Conselho de Ministros, onde nem tem assento.
Claro que, tecnicamente, as decisões não são dele. É um mero assessor. É isso que lhe permite, por exemplo, dar uma entrevista à TVI explicando todos os pormenores da privatização da RTP, anunciando o encerramento do segundo canal, os contornos de um eventual modelo de concessão, até o futuro dos trabalhadores da empresa; e respondendo simplesmente “terá de perguntar ao Governo” sempre que uma pergunta o enfada ou embaraça.
Assessores há muitos, como diria o comediante, mas António Borges não é um assessor qualquer. Por ele passam processos milionários, sem que estejam (nem de perto nem de longe) acautelados eventuais conflitos de interesses decorrentes das ligações que continua a ter ao setor privado. É no seu gabinete que se definem muitos negócios do Estado, cujo impacto (económico, político e social) sobre o país só será em muitos casos inteiramente medido daqui a vários anos. Em suma, António Borges é um autêntico ministro-sombra, ou melhor dizendo, um ministro na sombra.
Perdemos todos com esta falta de transparência. Porque sem sabermos exatamente quem este homem é – e quem serve, no fim de contas – torna-se impossível escrutinar a sua atuação. Impossível, por exemplo, perceber porque se apressou António Borges a considerar justo o preço oferecido pelos brasileiros da Camargo Côrrea pela Cimpor, quando a própria administração da empresa o considerou baixo – não costuma ser o vendedor a regatear o preço!
[...]
Em Portugal, a contratação pública não é transparente, os negócios do Estado com privados (sejam privatizações, concessões ou PPP) não são transparentes, a política não é suficientemente transparente, a Justiça não é nem transparente nem percetível. Mas ao menos sabíamos quem mandava. Hoje, ao que parece, manda quem sabe, no recato sombrio onde nunca se molha, e obedece quem deve.
1 comentário :
merda jãovascu sabias quem mandava?
atão diz-me onde foram parar os 3000 milhões em obras dos últimos 7 anos aqui nas obras do regime?
e quem mandou levantar a ciclovia de 200 mil x3
umas 3 vezes para meter os esgotos e as canalizações?
é que por aqui ninguém sabe
já quem reavalia as casas e vota sempre a favor das finanças ou da câmara do honesto partei
toda a gente sabe quem é
mas quem os mandou avaliar um troço de 4500 metros quadrados por 3 milhões para passar uma estrada com 1 viaduto por cima que custou outros 3...
isse ninguém sabe...
quem vive quem vive
putogale putogale putogale
quem manda quem manda
salazar salazar salazar...
e mesmo nesse tempo havia muito mais qquem mandasse
olha o senhor governador que ganhava uma casa em cada renque de dez ou doze
ou o tenreiro que ganhava uma traineira em cada oito
eram todas feitas de madeira de pinho aqui nos estaleiros do deserto
agora curiosamente em vez de botes e traineiras
o deserto tem 500 barcos de recreio estacionados que metem o do Velges num chinelo....
e o do Velges era o único do deserto
700 contos de iate de 12 metros...
agora há cá um do figurão da RTP
com 15 metros e 30 com estofos a imitar leopardo ou leopardo mesmo e com motores de 100 mil cada...
mas é em fibra de vidro
nã deve ter sido feito nos estaleiros
até porque os operários do estaleiro estão ou mortos ou na reforma a 200 euros por mês
ou os aprendizes andam no RSI ou a arrumar carros
eram aprendizes em 81...mas começaram a snifar coca...cola
inda há 2 vivinhos da silva
havia 2 na prisa mas já devem ter morrido...
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