A minha primeira reacção foi perguntar porquê: «Independentemente das reais intenções associadas a esta decisão, o que é que o governo alega para justificar o abdicar de 60 milhões de euros, bem como os despedimentos adicionais que irão ocorrer?»
Ao conhecer a resposta, resta-me a indignação. Alega-se que as condições e garantias de pagamento são piores no caso da NEI.
Veja-se bem: a NEI oferece mais de 5 milhões à cabeça, e o BIC 8 milhões. O governo alega preferir abdicar de uma proposta que é superior em 60 milhões, a que podem acrescer 25, para garantir os três milhões adicionais?
É preferível receber possivelmente tão pouco como 15 milhões (40-25), alegando que quem propõe 106 milhões pode levar o negócio à falência entretanto?
É evidente que só imaginando que a probabilidade do BIC levar o negócio à falência é quase nula, e que a probabilidade da NEI levar o negócio à falência é quase certa (superior a 95%), é que tal decisão faria sentido. Mas se a probabilidade da NEI levar o negócio à falência é tão elevada, porque haveriam de querer deitar 5 milhões para o lixo?
Isto não é uma justificação séria: é um indício gritante de má fé. De má gestão do património público.
E se é suspeito o negócio, a falta de transparência associada ao mesmo não me deixa nada descansado.
Muitos dirão que face aos vários milhares de euros perdidos em todo o processo associado ao BPN, estes 60-85 milhões perdidos neste negócio são trocos.
Mas não: trocos são as viagens em económica, ou as poupanças propostas quando se fala em reduzir o número de deputados. Isto são milhões.
Ainda assim é verdade que 60 ou 85 milhões é um número muito inferior a 2400 milhões. Mas há duas questões a considerar:
1- A nacionalização dos BPN pode ter sido uma asneira maior, mas esta é uma asneira mais inequívoca. Em retrospectiva parece ser evidente que a nacionalização não deu bom resultado, mas antes dela ocorrer grande parte dos partidos, dos políticos e dos cidadãos consideravam-na aceitável, pois não adivinhavam estas consequências. Não se compare a complexidade de estimar as consequências prováveis de deixar o BPN falir, e estimar as consequências prováveis de nacionalizá-lo, comparando-as; com a «complexidade» de avaliar qual das propostas é mais favorável, se uma de 40 milhões (menos um valor até 25 milhões e mais uma série de despedimentos), que oferece 8 de imediato, se uma de 106 milhões que oferece 5 milhões de imediato.
2- O probema aqui não são só os 60-85 milhões, e despedimentos associados. Neste sentido, a justificação dada é um problema quase tão sério como a decisão em si.
Se são usados estes critérios descabidos e arbitrários para justificar uma decisão tão absurda, e eles são aceites como válidos, o que é que impede a tomada de outras decisões igualmente lesivas para os cofres públicos amanhã?
Quantas decisões, a todos os níveis da administração pública, poderão ser tão mais danosas para o nosso património, se as pessoas considerarem aceitáveis este tipo de justificações?
«Sim, eu encomendei essa fotocopiadora de pior qualidade pelo triplo do preço, mas não é por manter uma boa relação com o vendedor, é porque temia que a outra fabricante pudesse ir à falência até à data de entrega. Nunca se sabe...»
2 comentários :
pronto pronto mim explica
sairam de lá uns aldrabões há 3 anos
iam entrar outros para outro rombo
os salários são 5 milhões ao mês
os custos restantes outros 7...
12 milhões por mês...se o acordo só se assinar em Dezembro custa mais uns 50 milliones
desde que o despachem ....a alguém que o mantenha à tona...
porque pessoal que dá 100 milhões
mas só os paga em Dezembro em 10 ou 20 milhões tanto faz
só se for ao aval do estado para pagar os salários e custos operacionais
que a manter-se tudo como está
são mais 50 milhões até ao fim do ano
sim eu comprei uma fotocopiadora pelo dobro
porque a outra além de ser roubada
não tem quem lhe faça a manu tensão?
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