"Jusqu''ici, tout va bien", diz uma personagem de um filme de Mathieu Kassovitz ("La Haine", 1995), em queda algures entre o vigésimo e o décimo andar.
Assim está a Europa, neste Verão frio de 2011: a bancarrota ameaça alguns países "periféricos", os países "centrais" não sabem o que fazer, os juros disparam, as dívidas agigantam-se, as taxas de desemprego batem recordes, as agências de notação dão mais uns empurrões para baixo, ninguém prevê o que se seguirá, mas todos parecem repetir o "até aqui, tudo bem". Na imponderabilidade da queda, não tememos nenhum mal: o ar está límpido e cair, só por si, não magoa.
Merkel, Sarkozy, Obama, Trichet, Barroso e Coelho telefonam-se mas não sabem como parar a queda. Ou não querem. Até agora, nenhum perdeu o posto. Para eles também é "até aqui, tudo bem".
Entretanto, até a pacata Londres está a arder. Como Paris em 2005. O lumpen que saqueia lojas e o financeiro que aumenta o caos financeiro com o clique de um rato partilham a mesma indiferença pelo amanhã: nenhum se preocupa com as consequências. Mas em Londres a queda terminou. Por enquanto.
No filme de Kassovitz, justamente sobre jovens frustrados dos subúrbios de uma metrópole europeia, a lição era mesmo essa: só se conhece as consequências da queda quando se chega ao chão. Em que andar vamos?
(Esta foi a minha primeira crónica no i; a partir de hoje, escreverei todas as quartas-feiras.)
Assim está a Europa, neste Verão frio de 2011: a bancarrota ameaça alguns países "periféricos", os países "centrais" não sabem o que fazer, os juros disparam, as dívidas agigantam-se, as taxas de desemprego batem recordes, as agências de notação dão mais uns empurrões para baixo, ninguém prevê o que se seguirá, mas todos parecem repetir o "até aqui, tudo bem". Na imponderabilidade da queda, não tememos nenhum mal: o ar está límpido e cair, só por si, não magoa.
Merkel, Sarkozy, Obama, Trichet, Barroso e Coelho telefonam-se mas não sabem como parar a queda. Ou não querem. Até agora, nenhum perdeu o posto. Para eles também é "até aqui, tudo bem".
Entretanto, até a pacata Londres está a arder. Como Paris em 2005. O lumpen que saqueia lojas e o financeiro que aumenta o caos financeiro com o clique de um rato partilham a mesma indiferença pelo amanhã: nenhum se preocupa com as consequências. Mas em Londres a queda terminou. Por enquanto.
No filme de Kassovitz, justamente sobre jovens frustrados dos subúrbios de uma metrópole europeia, a lição era mesmo essa: só se conhece as consequências da queda quando se chega ao chão. Em que andar vamos?
(Esta foi a minha primeira crónica no i; a partir de hoje, escreverei todas as quartas-feiras.)
2 comentários :
Na verdade é a intro e o fim do filme O Odio, nenhuma personagem. A voz off diz (como quem conta uma historia): "é a historia de um "gajo"(mec) (no fim é sociedade) que cai de um prédio de 50 andares e que á medida que vai caindo vai repetindo para si proprio para se confortar: até aqui tudo bem, até aqui tudo bem, mas o importante não é a queda mas sim a aterragem." Toda a minha restante análise acerca deste brilhante filme de 1995 é distinta da sua, mas para resumir, quanto á queda (como o tal "gajo" que cai do predio) não há nada a fazer e uma vez que o importante é a "aterrizagem" quanto mais depressa tratarmos de fazer o "mec" aterrar mais depressa acabamos com a queda não?
Parabéns, Ricardo.
Começou bem.
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