segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A banalização do mal

O jornalista do Público Paulo Moura escreve umas crónicas sobre as ilhas da costa do Algarve, as suas curiosidades e tal, as conchas e o resto que é apropriado para uma revista de jornal nesta altura do ano. Lá pelo meio, enxerta isto, à descarada: «Em Angola, o então jovem alferes Fernando Robles assistiu aos massacres perpetrados pela UPA de Holden Roberto, que marcaram o início da guerra colonial. Acirrado pelas abominações que presenciou, tornou-se num combatente feroz a favor das forças coloniais. Conhecido como o “mata-pretos”, integrado nas forças de Caçadores Especiais e seguindo uma filosofia de “olho por olho, dente por dente”, chefiou algumas das campanhas mais sangrentas de toda a guerra».

Deve estar tudo muito distraído por ser Verão, mas falar desta forma descontraída e descontextualizada (leia-se o resto do artigo), de um tipo que deve carregar na consciência(?) um número de baixas civis comparável ao de Anders Breivik, ou é militância fascista ou estupidez pura. O senhor Paulo Moura transformou um facínora conhecido por massacrar civis num simpático reformado que come atum em lata. Espero bem nunca conhecer o senhor Moura. Questão de higiene.

4 comentários :

Anónimo disse...

Francamente, é tangente à psicopatia.

acarranca disse...

Inteiramente de acordo. Apesar de ser muito novo na altura (11/14 anos)vivia no norte de Angola, na zona onde a UPA mais atacou e onde Robles ganhou o seu estatuto de "herói". E lembro-me perfeitamente que os seus métodos horrorizavam mesmo muita gente da chamada população colonial.

Filipe Moura disse...

Não conheço (e já agora não tenho, que eu saiba, nenhuma relação de parentesco) com o Paulo Moura. Assim de repente lembro-me de ele ter acusado de quererem provocar confusão numa manif uns meninos que queriam provocar confusão numa manif, e desde então esses meninos que gostam de confusão nas manifs tomaram-no de ponta. Não vejo problema nenhum no texto do Paulo Moura: ele pode estar a banalizar o mal, mas banalizar o mal não é defender o mal. Convém é não o ler com má vontade à partida.

Ricardo Alves disse...

Filipe,
não se reabilita quem mata civis da forma que fez, e que podes descobrir se falares com veteranos da guerra colonial. Lê o comentário do «acarranca».