Desde a decisão de decretar uma moratória à lapidação já foram assassinados à pedrada uma mulher e cinco homens no Irão. Tariq Ramadan foi o grande ideólogo das moratórias (incapaz de se pronunciar claramente contra) à lapidação e à pena de morte. Já lá vão seis mortes e à sétima, dada a sua mediatização, era incontornável e foi obrigado a pronunciar-se. A prosa demorou mas saiu ontem. Misturada com a questão dos ciganos e com as inundações no Paquistão que era para temperar a condenação da lapidação de Sakineh. Ele sabe-a toda... Não vou tão longe quanto Malek Boutih do SOS racismo quando apelidou Ramadan de fascista, nem concordo totalmente com Caroline Fourest quando esta o compara a Le Pen. Mas o comunitarismo é claramente a base do discurso político de Ramadan e neste particular não difere muito dos fascistas nem de Le Pen. Apesar de tudo é um engodo mais simpático, mas como o prova o caso do Irão também tem consequências nefastas.
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7 comentários :
O Tariq Ramadan é um fundamentalista sofisticado. Vai dizendo que é contra a lapidação, que condena, e no fim recusa-se a fazer seja o que for de significativo contra.
Realmente, não é com o Jean Marie Le Pen que ele deve ser comparado. Ele está para o fundamentalismo do avô, fundador da Irmandade Muçulmana, como a Marinne Le Pen está para o pai. É mais esta com esta que ele deve ser comparado. Ambos tentam dar faces respeitáveis a fascismos diferentes.
"incapaz de se pronunciar claramente contra"?! Eu leio isto:
"Je m’oppose et je condamne l’application de ces peines dans les sociétés contemporaines"
Isto é, para mim, uma clara pronunciação contra.
"no fim recusa-se a fazer seja o que for de significativo contra"
A posição que Ramadan defende no seu texto é exatamente a mesma que a minha: não está disposto a condenar UM apedrejamento particular NUM país parrticular, o Irão. Porque tal condenação é instrumentalizada para condenar esse país em particular, enquanto se protege outros (a Arábia Saudita, notoriamente).
Ou seja, Ramadan condena, mas não participa em manifs que estão à partida instrumentalizadas, nem em procunciamentos contra casos particulares que à partida são escolhidos de forma muito criteriosa e com fins muito diferentes dos anunciados.
Ou o Ricardo Alves tem alguma dúvida de que nesta barulheira por causa da sra. Ashtiani anda o dedo do sionismo internacional e dos americanos?
Tenho ainda menos simpatia pelo regime da Arábia Saudita do que pelo do Irão. Condeno as lapidações tanto num como noutro (e como na Somália ou alhures). A diferença é que no Irão pode haver, em cinco ou dez anos, um movimento organizado para derrubar o regime, como se viu nas manifestações do ano passado, ou como se vê na existência de grupos político organizados na diáspora iraniana. Na Arábia Saudita, infelizmente, ainda vamos demorar uma geração ou mais até existir um regime político moderno.
Quanto à sua última pergunta, deve ser no gozo...
Hmmm... então o Ricardo Alves confessa que a sua participação numa manifestação, ostensivamente contra a lapidação, tinha de facto como motivação apoiar o derrube do regime iraniano...
Pois bem, olhe, isso foi precisamente uma das razões pelas quais eu não participei. Não gosto, em geral, de causas que camuflam outras...
A minha última pergunta não era, de facto, no gozo. Eu acho que esta barulheira por causa da sra. Ashtiani foi levantada pelo sionismo internacional e/ou pelos americanos, por causas que nada têm a ver com a sra. Ashtiani, nem com a lapidação. E, tal como eu disse, eu não gosto de causas que camuflam outras.
O Ricardo Alves «confessa» que participará em qualquer manifestação contra lapidações, sejam estas execuções no irão, na Arábia Saudita, no Afeganistão, no Sudão ou na Somália.
Quanto à sua alegação de que «esta barulheira por causa da sra. Ashtiani foi levantada pelo sionismo internacional e/ou pelos americanos», surpreende-me. Não conhecia essa faceta do Luís Lavoura. Mas apresente as suas provas. Eu já encontrei indícios sólidos do envolvimento do Partido Comunista dos Trabalhadores Iranianos nessas manifestações. Será que estão também ao serviço da CIA e da Mossad?
Luís Lavoura,
o que eu digo no texto é que a mediatização da questão da Sakineh o obrigou a condenar FINALMENTE a lapidação. Ele andou anos e anos a engonhar com a ideia da moratória para evitar pronunciar-se claramente contra a lapidação. E porque o faz? Porque tem boas amizades com o FIS e o que resta da Irmandade Muçulmana e trata com eles sempre com paninhos quentes. É um espertalhaço que gosta de jogar nos dois tabuleiros, no do fundamentalismo e no do humanismo.
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