“Um dos princípais passos no sentido de uma emancipação global é recusar os limites do pensável que a ideologia do capitalismo nos impõe. (...) Do meu ponto de vista, o erigir de reformas parciais como o alfa e omega de toda a política significa aceitar esses limites. Um verdadeiro partido socialista deve propor medidas que melhorem a vida das pessoas, mas não pode desistir da ideia de uma transformação radical da sociedade. A sua função principal é tornar essa transformação pensável e, como tal, possível.”
Nuno, nem todos os limites nos são impostos pela ideologia capitalista. Posso querer um moto-contínuo ou, mais ainda, uma máquina de produzir energia; posso querer que o calor flua naturalmente dos objetos mais frios para os mais quentes. Mas tal não me serve de nada, pois não os consigo obter. Não consigo obter tais máquinas, mas consigo pensar sobre elas. Como tal, evidentemente é falso que tudo o que seja pensável seja possível. Não é a ideologia capitalista a responsável por nada disto, mas a natureza que, ao contrário do que um teu muito histriónico colega defende, não é nenhuma construção social. E que nos impõe limites, esses sim intransponíveis.
No teu “ponto de vista” sobre as reformas parciais, não explicitas de que limites falas: se os naturais, se os impostos pelo capitalismo. Discordo de que aceitar reformas parciais seja aceitar os limites “do capitalismo” (embora concorde que seja aceitar limites não impostos pela natureza, que eu classificaria como éticos). O “socialismo científico” consiste em saber distinguir os diferentes tipos de limites. Pelo teu texto, é um conceito que pelos vistos tu deixaste cair. É pena. Assim, creio que não vais a lado nenhum.
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