terça-feira, 7 de novembro de 2006

O neoliberalismo necessita do clericalismo

Na entrevista atrás referida, Hayek mostra-se agnóstico mas clerical.
  • «Do you believe in God?
    I have never understood the meaning of the word God. I believe that it is important in the maintaining of laws. But, I insist, as I do not know the meaning of the word God, I am unable to say either that I do or don't believe in his existence

O clericalismo de Hayek nada tem de surpreendente: ao enfraquecer o Estado, e particularmente ao esvaziar as funções sociais do Estado, os «neoliberais» necessitam das igrejas tradicionais para manter o conformismo social, e também para substituir serviços públicos de apoio social pela caridadezinha...

Hayek tinha aliás boa impressão de Karol Wojtyla, que o convidara para uma discussão com outros prémios Nobel. Na segunda parte da entrevista, a esperança de que a ICAR aprove moralmente o capitalismo contemporâneo sobe à superfície.

  • «Even if the Church may not be anti-liberal, there have been ecclesiastical pronouncements against capitalism.
    Listen. I don't like the word capitalism either, and I would be happy to change it. But I do not believe that the Church has come out officially against the market economy, and the old doctrines concerning interest are a thing of the past. Indeed, major Church representatives, including cardinals, and among them the primate of Germany, support the social market economy. There is no official opposition from the Church, it has simply abandoned a few restrictions. It has to be said, moreover, that priests' involvement in socialist movements is almost exclusive to Spanish-speaking countries.
    »

Creio que os seguidores do «liberalismo austríaco» estarão ainda mais em sintonia com o actual Papa, Joseph Ratzinger, que aliás se dedicou na sua primeira encíclica a criticar o marxismo e a defender a caridade...

1 comentário :

João Vasco disse...

Pois, enquanto a Igreja continuar a traír a mensagem bíblica que diz que os ricos vão todos para o Inferno, a Igreja Católica pode manter a sua aliança com os ricos e poderosos.