- «No contexto do próximo referendo sobre o aborto, diversas pessoas têm manifestado preocupação com a possibilidade de o aborto passar a fazer parte integrante do Serviço Nacional de Saúde, de o seu pagamento ser comparticipado pelo Estado, de a realização de abortos ir fazer aumentar as listas de espera nos hospitais do Estado, etc. (...) Aquilo que nos será perguntado no próximo referendo NÃO É se o aborto é um direito da mulher (grávida), isto é, se toda a mulher grávida tem o direito de abortar.
Aquilo que nos será perguntado no próximo referendo É APENAS se os hospitais e clínicas têm o direito de oferecer serviços de aborto.»
...E tem toda a razão. A pergunta do referendo refere-se exclusivamente à despenalização da interrupção de gravidez realizada «em estabelecimento de saúde legalmente autorizado». Não institui uma obrigação do Estado de apoiar a realização de interrupções voluntárias de gravidez. Espero que todos os que vamos votar «sim» o façamos conscientes disto: quer os que defendem que o Estado não pague IVG´s, quer os que defendem que sejam feitas em clínicas privadas protocolizadas com o Estado, quer os que defendem que sejam feitas em hospitais públicos. Eu sou favorável à última possibilidade, mas concedo que depende do governo do momento decidi-la. O referendo é exclusivamente sobre a questão jurídica e penal.
2 comentários :
Relativamente à realização de abortos em instituições públicas ou em instituições privadas pagas pelo Estado acresce o problema dos tempos de espera para a realização de interveções cirúrgicas de muitos cidadãos.
Caro Ricardo Alves,
Eu concordo inteiramente consigo, mas estou convencida que por mais que se escreva, berre e se tente "balizar" na cabeça das pessoas, exactamente o que está em discussão no referendo, não vai ser possível gerar uma discussão séria sobre o assunto.
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