Numa das últimas postas do Blasfémias, João Miranda critica implicitamente Pedro Arroja: «um liberal baseia o seu juízo sobre a escravatura e o capitalismo num único valor, a liberdade». Tendo em conta que Arroja baseia os seus juízos sobre a escravatura no valor da «produtividade» dos escravos («fantástico», segundo Arroja), João Miranda está, corajosamente, a excomungar Arroja da Igreja Liberalista. É um progresso...
Mas, adiante. Na mesma posta, João Miranda alivia a consciência: «um liberal (...) aprovaria o capitalismo mesmo que num sistema capitalista se vivesse miseravelmente». Os marxistas-leninistas diziam o mesmo: que aprovavam o socialismo real mesmo que num sistema socialista se vivesse miseravelmente. O que lhes importava era «eliminar a exploração do homem pelo homem», e levar a igualdade social às últimas consequências. Os liberalistas preferem eliminar qualquer entrave à «mão invisível», e levar a «liberdade económica» às últimas consequências. O resultado é o mesmo para qualquer das monomanias: a miséria.
As democracias reais são estáveis há décadas justamente porque souberam encontrar um equilíbrio entre as liberdades políticas e a igualdade económica. O liberalismo extremista destruiria esse equilíbrio.
3 comentários :
Parabéns pelo blogue e pela análise blasfémica.
O factor chave no sector económico e político é o mérito - o que obviamente pressupõe a tentativa de igualizar as oportunidades.
É a fraca importância dada a este factor que é a causa de decadência da cultura parlamentarista e do mercado livre.
excelente post...
já existiram 2 precedentes históricos que atestam dos perigos do excesso de «liberalismo».
há até liberais que, tacticamente optam por se auto-restringir, para não dar munições aos que eles apelidam de iliberais...
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