terça-feira, 31 de outubro de 2006

Revista de blogues (31/10/2006)

  1. «Andava na faculdade quando a conheci. Ela era muito bonita mas tinha um ar um pouco triste e meio-distante. (...) Mas foi só no último ano, quando fizemos um trabalho conjunto para uma cadeira, que nos conhecemos melhor. Soube então que fizera um aborto e que esse facto mudara uma série de coisas na sua vida. O namorado tinha-a apoiado nessa decisão e foi com ele que se dirigiu a uma abortadeira, algures no Alentejo, onde vivia. Acabou com uma hemorragia tão grande que se assustou, e então contou tudo aos pais. Estes levaram-na ao hospital e ela acabou por ficar bem. Mas, oh mas! O pai deixou de lhe falar, e, sendo o chefe da esquadra local, quis mesmo que ela se afastasse, não fosse alguém vir a saber de qualquer coisa! A mãe continuou a protegê-la mas, envergonhada com a gravidez e aborto da filha, aconselhava-a a nunca deixar fugir aquele namorado que devia ser um santo por ainda querer namorar e casar com ela.» («SIM ou NÃO. A questão do aborto #4», no Divas & Contrabaixos.)
  2. «(...) tal como nas escolas públicas, também nos hospitais não deverão existir símbolos discriminatórios afixados nas suas paredes, enquanto que os seus profissionais se deverão abster de exibir a sua filiação em agremiações ou igrejas. As estruturas dedicadas à saúde deverão ser, idealmente, espaços de tolerância, e se não devem existir discriminações no recrutamento de pessoal ou na admissão de pacientes em função de filiações de diversa ordem, a dignidade individual deve ser respeitada de igual forma e com igual peso, o mesmo é dizer, assumindo uma posição de neutralidade relativamente às filiações intelectuais de cada um.» («Símbolos discriminatórios em Hospitais», no Blasfémias.)
  3. «Durante anos a resposta da direita aos problemas das cités foi essencialmente a política da bastonada, com os resultados que se viram. Villepin foi o primeiro político de direita a propor medidas alternativas ao bastão. Villepin propôs o CPE com o objectivo de oferecer mais oportunidades de trabalho nas cités. A esquerda não concordou. Sendo assim, o que eu esperava da esquerda era que centrasse a sua luta contra o CPE no quadro da resolução dos problemas das cités, apresentando alternativas por exemplo, mas não foi isso que aconteceu. Em poucos dias as "vítimas" do CPE deixaram de ser os jovens das cités para passarem a ser os estudantes universitários, que muito dificilmente seriam abrangidos pela lei, visto que esta só poderia ser aplicada a trabalho não qualificado e a jovens até aos 24 anos.» («ACLEFEU, um ano depois dos tumultos em França», no Klepsýdra.)

1 comentário :

João Vasco disse...

Muito importante:

http://klepsydra.blogspot.com/2006_10_01_klepsydra_archive.html#116224769857663852

!!!