No debate aqui anunciado, constatei que existem, entre as organizações LGBT´s, duas posturas quanto ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Há uma postura de reivindicar a igualdade de direitos, que pede que a conjugalidade guei ou lésbica seja reconhecida pelo Estado sem discriminações. É uma reivindicação algo simbólica (até porque a maior parte dos activistas LGBT não parecem muito interessados em casar-se), mas que não deixa por isso de ser legítima e justa. No entanto, penso que se exagera o efeito indirecto que o casamento entre pessoas do mesmo sexo poderia ter no combate à homofobia (que é, nitidamente, o problema que mais preocupa os LGBT´s: a discriminação no emprego, os insultos na rua, etc).
Há outra postura, talvez mais realista, que não se preocupa tanto com a igualdade formal mas sim com a aquisição dos direitos concretos associados ao casamento. Pragmaticamente, prefere-se aprofundar a lei das uniões de facto. Existe o risco, nesta abordagem, de poder terminar num «casamento de segunda categoria» ou, ainda pior, num estatuto exclusivo de pessoas do mesmo sexo.
Finalmente, o que eu disse foi muito pouco, e resumia-se a isto: nem as igrejas podem impedir o Estado de celebrar contratos entre quem entender, nem o Estado pode impedir as igrejas de conferir (ou recusar) sacramentos matrimoniais a quem entenderem.
Há uma postura de reivindicar a igualdade de direitos, que pede que a conjugalidade guei ou lésbica seja reconhecida pelo Estado sem discriminações. É uma reivindicação algo simbólica (até porque a maior parte dos activistas LGBT não parecem muito interessados em casar-se), mas que não deixa por isso de ser legítima e justa. No entanto, penso que se exagera o efeito indirecto que o casamento entre pessoas do mesmo sexo poderia ter no combate à homofobia (que é, nitidamente, o problema que mais preocupa os LGBT´s: a discriminação no emprego, os insultos na rua, etc).
Há outra postura, talvez mais realista, que não se preocupa tanto com a igualdade formal mas sim com a aquisição dos direitos concretos associados ao casamento. Pragmaticamente, prefere-se aprofundar a lei das uniões de facto. Existe o risco, nesta abordagem, de poder terminar num «casamento de segunda categoria» ou, ainda pior, num estatuto exclusivo de pessoas do mesmo sexo.
Finalmente, o que eu disse foi muito pouco, e resumia-se a isto: nem as igrejas podem impedir o Estado de celebrar contratos entre quem entender, nem o Estado pode impedir as igrejas de conferir (ou recusar) sacramentos matrimoniais a quem entenderem.
9 comentários :
E alguém discordou?
JV,
não. Só houve diferenças de registo e de fundamentação.
e"Finalmente, o que eu disse foi muito pouco, e resumia-se a isto: nem as igrejas podem impedir o Estado de celebrar contratos entre quem entender, nem o Estado pode impedir as igrejas de conferir (ou recusar) sacramentos matrimoniais a quem entenderem."
Concordo
numa faculdade, uma vez assisti a uma palestra seguida de perguntas.
os alunos, da área das ciência sociais revelaram, quase todos uma confusão mental, uma capacidade de raciocinar a partir de valores abstratos e sua aplicação a questões concretas impressionante.
alguns mostraram, pelas perguntas, e mais ainda pelo tom em que dpois discuram com os colegas, quão preconceituosos são.
ainda assim a maneira como as pessoas encaram esta questão tem evoluido positivamente. mais uma vez, o meu medo é o conservadorismo nas novas gerações.
"mais uma vez, o meu medo é o conservadorismo nas novas gerações."
Nao é conservadorismo caorafeiro, para isso era preciso ter pensado... é simplesmente a aceitacao acritica do que receberam dos papás (o que consegue ser uma situacao ainda mais patetica).
pedro fontela:
tem toda a razão.
O LGBTismo e tu - Caro Ricardo, é mesmo uma pena que eu venha tão pouco aqui no teu blogue. Primeiro porque gosto, e de certa forma é a única maneira de me manter em contacto contigo. Pena também estar fora de Lisboa e ter perdido a apresentação das tuas ideias. Li aqui o teu artigo sobre o que pensas sobre as uniões de facto, sobre o casamento gay (escrevo assim mesmo, à inglesa) et alli. Duas coisas chamaram-me a atenção: primeiro, o lugar que tu reservas para o simbólico. Ele é muito importante. Mexer al "algo simbólico" ou tornar "algo simbólico" é mover-se dentro da estrutura mais íntima da organização das mentalidades. Mas tu és um homem inteligente de espírito largo, que valorizo os símbolos republicanos, por isso acho que o que disseste não era exactamente o que querias dizer. Outra coisa é falar sobre a posição do movimento LGBT e a sua preocupação com o casamento. Mais uma vez, meu amigo, estás em Portugal, a palavra "movimento" e tu sabes muito bem, deve ser enquadrada à escala mínima. Eu não sei se eu seria capaz de produzir um consenso ou uma opinião do que pensa o movimento gay português. Disseram-me que havia muito poucas pessoas no Pride, que é uma marcha pela igualdade, e que julgo que todos e todas, em todos os movimentos pelos direitos humanos, devem ter lá ido, inclusive tu, claro. Se o Pride for a expressão política do que pensa os homens e mulheres de portugal sobre a igualdade, então, meu caro amigo, a República está irremediavelmente perdida. Lembro de um poema latino, já não sei de quem, que comparava a República a uma nau. Acho que no poema, a nau estava à deriva. E um poema é uma manifestação simbólica da realidade. O simbolo, caro Ricardo, é nele que mexemos para mudar as coisas. Não é isso que queremos, as cruzes fora do espaço laico? As piadas homofóbicas fora da mentalidade dos nossos amigos? Ando um pouco aborrecido. Sem paciência. Querendo não ESTAR mais. Por isso, até nisso deves relativizar o que escrevo aqui. Com um abraço, o teu amigo!
Um abraço, Óscar.
PS: E tu, foste à «Marcha do Orgulho» aí nesse sítio onde estás?
Tu és um homem inteligente, não precisavas me pôr esta pergunta sobre a Marcha Gay num país árabe. Não há, não existe, é crimilaizado aqui, tu sabes, não precisavas dizê-lo. Eu fiz melhor, meu querido amigo, eu tenho um namorado árabe. Revolucionar é isso, deitar com homens, deitar com mulheres, para depois poder dizer: "é tudo igual". A práxis da igualdade é um caminho difícil, dói, nos coloca em risco, mas nos deixa a todos a todas absolutamente iguais. A luta política vem depois. Depois daquela mais intestina e assustadora, aquela que fazemos dentro de nós! Com um beijo!
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