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The starting point in any discussion about terrorism and extremism seems to be that Muslims constitute a community with a distinct set of views and beliefs, and that, for them, real political authority must come from within their community. Mainstream politicians, so the argument goes, are incapable of engaging with them; only authentic Muslim leaders can. So there has to be a bargain: the Government acknowledges Muslim leaders as crucial partners in the task of rooting out terrorism and building a fairer society; in return Muslim leaders agree to keep their own house in order. The argument this week was really about who was, or was not, keeping their side of the bargain.
But the trouble is the bargain itself. Not only is it rooted in a picture of the Muslim community and its relationship with the wider British society that is false, but also the cosy relationship between the Government and Muslim leaders exacerbates the problem it was meant to solve.
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The Government has long since abandoned its responsibility for engaging directly with Muslim communities. Instead it has effectively subcontracted its responsibilities to so-called community leaders. When the Prime Minister wants to find out what Muslims think about a particular issue he invites the Muslim Council of Britain to No 10. When the Home Secretary wants to get a message out to the Muslim community, he visits a mosque. Rather than appealing to Muslims as British citizens and attempting to draw them into the mainstream political process, politicians of all hues prefer to see them as people whose primarily loyalty is to their faith and who can be politically engaged only by other Muslims.
The consequences of this approach are hugely damaging. “Why should a British citizen who happens to be Muslim have to rely on clerics and other leaders of the religious community to communicate with the Prime Minister?”, asks Amartya Sen, the Nobel prize-winning economist, in his new book Identity and Violence. Far from promoting integration, government policy encourages Muslims to see themselves as semi-detached Britons. After all, if the Prime Minister believes that he can engage with them only by appealing to their faith, rather than their wider political or national affiliations, who are Muslims to disagree? If politicians abdicate their responsibility for engaging with ordinary Muslims, is it surprising that those Muslims should feel disenchanted with the political process? Or that disenchantment should take a radical religious form?
The consequences of this approach are hugely damaging. “Why should a British citizen who happens to be Muslim have to rely on clerics and other leaders of the religious community to communicate with the Prime Minister?”, asks Amartya Sen, the Nobel prize-winning economist, in his new book Identity and Violence. Far from promoting integration, government policy encourages Muslims to see themselves as semi-detached Britons. After all, if the Prime Minister believes that he can engage with them only by appealing to their faith, rather than their wider political or national affiliations, who are Muslims to disagree? If politicians abdicate their responsibility for engaging with ordinary Muslims, is it surprising that those Muslims should feel disenchanted with the political process? Or that disenchantment should take a radical religious form?
The policy of subcontracting political responsibility allows politicians to wash their hands of the alienation of sections of the Muslim community. And it allows self-appointed community leaders with no democratic mandate to gain power both within Muslim communities and the wider society. But it does the rest of us — Muslim and non-Muslim — no favours. It is time that politicians dropped the pretence that there is a single Muslim community and started taking seriously the issue of political engagement with their constituents, whatever their religious faith.»
(Kenan Malik no The Times; ler na íntegra.)
3 comentários :
"(...) It is time that politicians dropped the pretence that there is a single Muslim community (...)"
De facto não há, embora o moderadíssimo Muslim Council of Britain até possa representar uma fatia considerável de entre aqueles que se dizem muçulmanos.
Acontece o Estado britânico não se dá ao luxo de dialogar com mais do que uma voz e esta será de preferência a de uma espécie de islão anglicano.
Isto não só porque é essa em que prefere acreditar mas também para convencer as dissidências que não existe outra via.
O multi-culturalismo oficial prova assim não passar de uma fachada pretensamente humanista atrás da qual se arrumam à força e em gavetas a gosto as comunidades problemáticas. Também prova que o multi-culturalismo real, se praticável, não se cria por decreto.
Claro que a única integração possível teria de passar pela desvalorização da religião na relação dos imigrantes com o resto da sociedade mas aqui regista-se uma certa coerência: recorde-se que, apesar da cosmética (e.g., dessacralização oficila dos feriados cristãos), o próprio Estado britânico não é um estado laico…
«Acontece o Estado britânico não se dá ao luxo de dialogar com mais do que uma voz e esta será de preferência a de uma espécie de islão anglicano.»
Como se houvesse um islão centralizado (não há). Mas na Bélgica passou-se algo semelhante: o Governo patrocinou «eleições» entre os muçulmanos para que houvesse uma estrutura centralizada com que pudessem dialogar. E na França, a mesma coisa: o menino Sarkozy patrocinou a criação do Conseil Français du Culte Musulman.
«O multi-culturalismo oficial prova assim não passar de uma fachada pretensamente humanista atrás da qual se arrumam à força e em gavetas a gosto as comunidades problemáticas.»
Touchê. Adieu(?!) individualismo. Bonjour «fronteiras culturais».
«Claro que a única integração possível teria de passar pela desvalorização da religião na relação dos imigrantes com o resto da sociedade»
Tem-se passado rigorosamente o contrário: o Tory Blair tem promovido o financiamento e a integração religiosa de escolas «baseadas na fé». Anglicanas, católicas, judaicas, muçulmanas... E não esquecer que deu lugares na Câmara Alta a rabis e muftis, para se sentarem ao lado dos bispos anglicanos... O que me leva a pensar que o apoio institucional ao Islão ajuda a manter o «status quo» anglicano.
Ricardo disse:
"(...) O que me leva a pensar que o apoio institucional ao Islão ajuda a manter o «status quo» anglicano."
Naturalmente.
Noutro registo, apetece citar Estocolmo, cuja câmara municipal promove a divulgação das culturas dos seus imigrantes nos centro recreativos dos bairros onde aqueles vivem, presume-se que com o objectivo enternecedor de convencer a segunda geração a não esquecer as suas origens.
Pena é (será?) que esses cursos de, sei lá, dança do ventre, acabem por arrancar mais autóctones ao seu enfado (os nórdicos perdem-se por qualquer agitação 'étnica') do que jovens levantinos aos centros comerciais.
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