sexta-feira, 17 de junho de 2011

O novo governo

Para a Saúde, um cobrador de impostos. Para a Educação, um membro do "Plano Inclinado". Em ambos os setores temos um programa claramente ideológico a implantar, o que por si não é mau mas deixa-me sinceramente preocupado. Se na Educação reconheço justiça a muitas das críticas apontadas por Crato, sempre achei que as soluções por ele preconizadas são as piores possíveis.
Como era de se esperar, desaparecem os ministérios da Ciência e da Cultura, no que constitui uma menorização destas áreas. Outra vez o programa ideológico.
Finalmente, tenho respeito por Assunção Cristas a nível profissional, na sua área (o direito), onde acredito que seja competente. Mas a sua presença à frente da agricultura só pode ser para satisfazer a quota do CDS, partido que sempre deu grande importância a este setor, em teoria, mas na prática não consegue mais ninguém para ocupar o cargo. É que olhando para Assunção Cristas dá vontade de lhe dizer o que Passos Coelho disse a uma mulher que o abordou na campanha: "vá pegar numa enxada!"

6 comentários :

Ricardo Alves disse...

Quais são as soluções de Nuno Crato que consideras más, Filipe?

Luís Lavoura disse...

O Filipe Moura não tem em conta um facto elementar: Portugal (aliás, qualquer país da UE) praticamente não precisa de um ministro da agricultura. Isto porque a política agrícola, na União Europeia, é uma política estritamente comunitária. O Ministério da Agricultura não passa de uma burocracia encarregue de aplicar a nível português as políticas decididas pela União Europeia para o setor. E o ministro da Agricultura não passa de um porta-voz, uma correia de transmissão, dos agricultores portugueses junto dos políticos agrícolas de Bruxelas.

Ora, para esse efeito, tanto faz que a ministra da agricultura perceba de agricultura como que não perceba. Pois se ela, de qualquer forma, nenhuma política pode delinear...

Luís Lavoura disse...

Essa coisa da "menorização" da ciência e da cultura não me convence. Não vejo qual seja a diferença prática entre o indivíduo que toma conta da cultura ser um ministro ou um secretário de Estado. É só simbolismo...

fernanda disse...

Eu não sei quais são as soluções do Nuno Crato para a educação, só sei pelo que ouvi no programa de televisão que o promovia que ele tem um discurso autoritário que me provoca forte suspeita, dirigido constantemente contra uma pedagogia centrada na aprendizagem e não no ensino, que ele resumia jocosamente com o termo 'eduquês' Sempre fui uma professora exigente comigo e com alunos/as mas nunca considerei que o problema da deficiencia no ensino residia na falta de autoridade dos profs ou do sistema, isso é mais folclore do que outra coisa e é um discurso populista que não identifica corretamente os problemas, aliás o populismo é o que atualmente não falta neste e em outros governos da União Europeia.

Ricardo Alves disse...

Fernanda,
Nuno Crato tem um discurso oposto ao de obscurantistas pós-modernos como Boaventura Sousa Santos e quejandos, os produtores do «eduquês». Tem razão nessas críticas, como tem razão na exigência de rigor. Além disso, é uma pessoa que valoriza devidamente o papel da ciência no progresso das sociedades. Por essas razões tenho uma expectativa moderadamente benévola do seu mandato. Mas temo que enverede por políticas de despesismo neoliberal como o «cheque-educação».

NG disse...

"Isto porque a política agrícola, na União Europeia, é uma política estritamente comunitária"

É.
Mas está à vista de todos que viver com as mesmas políticas agrícolas de países muito diferentes do nosso é meio caminho andado para a miséria colectiva. Ou percebemos e defendemos com intransigência o que nos interessa, a todos, não apenas aos agricultores, ou à nossa dependência alimentar nada mais teremos para troca do que matagais em chamas para a abertura de noticiários. Por isso, uma licenciada em direito pode ser tão eficiente como um agrónomo ou um jardineiro. Desde que saiba rodear-se de pessoas competentes.