quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Descriminalização de drogas bem sucedida

A descriminalização de todas as drogas em Portugal no início da década, e os bons resultados daí provenientes, continuam a ser notícia por esse Mundo fora. O tema voltou à baila graças a um artigo científico de saúde pública no British Medical Journal, e por no México se ter finalmente levantado a hipótese de fazer algo semelhante de modo a controlar a guerra dos cartéis da droga que já matou dezenas de milhar de pessoas.
Tal como na Holanda anos antes, também em Portugal a política de descriminalização viu o consumo e a dependência diminuir.

7 comentários :

João Branco (JORB) disse...

Como? Sem ironia nenhuma, não compreendo o encadeamento lógico. É por a polícia se concentrar mais no traficante e menos no consumidor?

João Vasco disse...

Qual encadeamento lógico?

O post é mais um constatar de factos, e uma apreciação dos mesmos, do que um raciocínio com premissas e conclusão.

João Branco (JORB) disse...

Sim João, eu sei que o é, e o Miguel não me deve mais, eu perguntei porque tenho real interesse em perceber melhor COMO resultou.

É que eu entendo que a descriminalização e controlo estatal da distribuição possa ser uma ferramenta muito eficaz para reduzir o abuso (resulta , tanto quanto sei, excelentemente com o álcool nos países escandinavos), em particular ao "tirar o tapete" aos traficantes, mas não entendo o mecanismo causa-consequência da descriminalização do consumo (apesar de concordar com ela por causa daquela coisa ... pá pronto, da liberdade individual).

Também quero informar-me melhor do Projecto VIDA, de que me lembro quando andava na escola secundária e que terá sido muito importante na informação e sensibilização dos jovens.

João Vasco disse...

João Branco:

Imagino que, no que diz respeito ao consumidor compulsivo, ser enviado para tratamento deve ser mais eficaz que enviá-los para a cadeia onde têm um contacto previligiado com a droga.

No que diz respeito ao consumidor ocasional, também acredito que o pagamento de uma multa pesada seja mais eficaz que a prisão, onde mais facilmente acabará viciado.

Por outro lado, os "prevaricadores" mais facilmente são efectivamente condenados a uma contra-ordenação desse tipo, do que a uma pena criminal que os juízes tinham frequentemente a decência de não aplicar (por ser obviamente excessiva).

Penso que o mecanismo é este. Isto tem a vantagem extra de desentupir os tribunais e as prisões, e permitir que a polícia concentre a atenção nos criminosos a sério, o que por sua vez deve ter também impacto na diminuição do consumo.

João Branco (JORB) disse...

Depois de uma conversa com o Miguel, de perguntas por aí, a minha conclusão é de que a descriminalização foi uma consequência de uma mudança de mentalidade no que diz respeito o consumo - em particular parece-me que houve uma mudança de uma mentalidade de "direita" de ver o "Drogado" e a "Droga" como uma espécie de dragão a combater com espadas e tiros e passar a vê-la como uma coisa mais complexa. Ao que me parece, foram grandes campanhas de informação que contribuiram para a diminuição do consumo. Lembro-me que algumas foram fortemente criticadas pelos conservadores porque "ensinavam os jovens a como consumir droga".

A minha conclusão foi também que em tudo isto a descriminalização não foi relevante como causa da diminuição do tráfico e consumo, mas terá mais sido uma consequência desta mudança de paradigma.

Gostaria de ver esta mudança de mentalidade ocorrer para as questões da educação sexual (que neste momento também há quem ache que é "ensinar os miúdos a fazerem sexo").

Banda in barbar disse...

Tal como na Holanda anos antes,
não deves ter ido à holanda nos últimos anos, pelo menos em 2002 a
quantidade de junkies não diminuiu


também em Portugal a política de descriminalização viu o consumo e a dependência diminuir?
alteraram-se os consumos, drogas de moda há muitas mais do que nos anos 80 voltou o LSD, acho que é uma generalização
o consumo banalizou-se
diminui o de drogas injectáveis isso é um facto em Portugal
na Holanda ligeiramente
tem aspectos fiscais interessantes
diminuindo o nº de fumadores nicotínicos
os tetracanabinóides
são uma fonte de receita fiscal interessante

Banda in barbar disse...

e há uma correlação positiva
na Holanda com a diminuição do consumo de anti-depressivos.

se tiver o mesmo efeito em Portugal
corta-se muito nas prescrições destes medicamentos de 1ª necessidadde