quinta-feira, 3 de abril de 2008

Se todos os religiosos fossem assim...

No Povo de Bahá, o Marco Oliveira escreve o seguinte, depois de citar o argumento de Dawkins sobre os rótulos religiosos que se colocam às crianças:
  • «Lembrei-me desta opinião do Professor Dawkins depois de recentemente ter ouvido a expressão «crianças bahá’ís». É algo que não faz sentido. O mais correcto é usar a expressão «criança de família bahá’í». Aliás, a adesão à Fé Bahá’í só é permitida após os 15 anos de idade; espera-se que a partir dessa idade os jovens tenham a maturidade necessária (e a liberdade suficiente) para decidirem por si próprios se desejam ou não ser bahá’ís. Note-se que isto não representa uma quebra de compromisso com a minha religião, ou uma qualquer hesitação na minha fé. Irei tentar passar os meus valores e as minhas convicções religiosas para os meus filhos; se não o fizesse, aí poder-se-ia questionar a minha fé. E se eles um dia se tornarem baha’is, espero que isso seja fruto de uma decisão pessoal - livre e amadurecida -, e não apenas o resultado de pressões externas.»
Se todos os religiosos fossem assim, não haveria necessidade de sermos anticlericais. Mas os bahá'ís, honra lhes seja feita, são um caso tão atípico de religião sem clericalismo que até elegem anualmente os dirigentes das suas comunidades.

5 comentários :

João Vasco disse...

Yupa, se o Dawkins usou essa expressão, provavelmente não conhecia essa realidade, que é tão atípica nas religiões.

Enganou-se.

Mas imagino que se os Bahá'is lhe fizrem chegar esta informação, ele não repetirá o erro.

Ricardo Alves disse...

Acho que não se pode falar em «erro». Os exemplos que o Dawkins dá são bem reais: «crianças católicas», «crianças muçulmanas», «crianças judias», etc, são expressões infelizmente muito correntes.

Mas o que interessa realmente saber é porque é que nenhum católico seria capaz de escrever o que o Marco escreveu...

João Vasco disse...

Qunado falei em erro referia-me a "criança baha'i", assumindo que ele usou essa expressão.

Obviamente não existe nada de errado no argumento dele contra o abuso infantil que é considerar que um miudo de poucos meses é uma "criança católica", etc...

Marco Oliveira disse...

Caríssimos:
Gostei bastante de ler o livro do Professor Dawkins. Parece-me uma obra consistente e bem estruturada; e qualquer pessoa com um pouco bom senso perceberá que aquele livro convida a um debate sereno sobre as diferentes facetas do fenómeno religioso. É claro que encontrei no livro coisas com as quais não concordo; mas também encontrei muitas outras coisas com que concordo.

Não tenho problemas em dizer que este foi um dos melhores livros sobre religião que li nos últimos tempos. Quando terminar os meus comentários ao livro «O Fim da Fé» (que me pareceu preconceituoso e menos consistente), vou tentar dedicar alguns posts à Desilusão de Deus.

Por estranho que vos possa parecer, penso que com este livro o Professor Dawkins prestou um bom serviço ao pensamento religioso.

João Vasco:
O Professor Dawkins não usa a expressão «crianças bahá’ís».

João Vasco disse...

ok, então quem se enganou fui eu.