A minha universidade - o programa de arqueologia náutica - tem um centro na Turquia e relações permanentes de trabalho e de amizade com centenas de turcos. E os turcos são maioritariamente agnósticos, como o resto dos europeus. E manifestam-se na rua contra os mulahs mais odiosos, como eu gostava que os protugueses se manifestassem contra os bispos mais homofóbicos ou com mais ódio aos direitos das mulheres.
Deixem-me explicar: eu acredito que a maioria das pessoas que vai à missa (ou à mesquita, ou à sinagoga) nunca pensa nas questões teológicas que revoltam as elites e estão na origem de guerras e genocídios. Cada um tem uma relação simples com um "amigo imaginário" a quem chama Deus. A maioria não está disposta a matar ou a morrer pela religião, nem a impor o "amigo imaginário" a ninguém pela força.
A minha mãe - católica toda a vida - jura que a hóstia não é mesmo o corpo de Cristo, que é uma coisa simbólica, etc., e eu não lhe consigo explicar quantas pessoas é que foram perseguidas e queimadas por defenderem esta gravíssima heresia. Ela não acredita que os "santos padres" queimassem ninguém por causa de uma coisa tão tangente à "fé" dela.
No caso dos muçulmanos, estes últimos oito anos de insultos e provocações, invasões e humilhações, serviram lindamente os interesses de uma minoria de mulahs criminosos e sociopatas e inspirou uma data de desgraçados a fazerem coisas horríveis, crimes hediondos, selvajarias medievais. O desespero combinado com a impotência forma uma mistura sempre perigosa.
Mas os habitantes do Irão e do Iraque e da Malásia e da Indonésia não são todos fundamentalistas violentos que antes de irem para a cama dizem uns aos outros "death to the West". São pessoas como nós, talvez mais pobres e em muitos casos pior informadas e vítimas da propaganda dos dois lados.
Há poucos anos o likudnick Tom Friedman (lembram-se de quando ele tinha alma e escreveu o livro excelente "From Beirut to Jerusalem"?) dizia na televisão que tinha estado na Malásia e tinha visto o show do neo-fascista Bill O'Reilley a gritar palavras de ódio racista contra TODOS os muçulmanos do mundo na FOX. E perguntava-se se aquele ódio racista transmitido ao planeta inteiro não seria um convite aos muçulmanos normais para que tomassem partido nesta guerra entre cristãos e muçulmanos.
E só mais uma coisa. Há uns anos estava com um amigo meu israelita em Portugal e ele perguntou-me onde estavam os árabes? Os jornais da direita sionista falam todos os dias da reconquista da Peninsula Ibérica pelos muçulmanos (para eles "muçulmano" é sinónimo de "papão"). E eu respondi-lhe: "Os árabes somos nós! Os visigodos nunca foram mais de 2% da população!" Ele ia morrendo...
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6 comentários :
pois é, queimámos os nossos barcos depois de chegar!
epá Filipe, grande artigo, grande artigo mesmo
Já agora, tu que percebes do assunto, podes dizer-me brevemente se esta "teoria" faz sentido?
As palavras azimute, nadir, zénite , o astrolábio e instrumentos de navegação eram coisas a que tínhamos acesso em portugal através do império árabe.
e foi por isso que Portugal foi pioneiro nas viagens que implicavam muita navegação estelar.
Obrigado.
ps.:
etnicamente descendemos de bérberes, e não de árabes, não é?
Turquia é um péssimo exemplo, é o unico estado laico no mundo islamico. Uma das correntes mais liberais do islão é muito curiosamente turca. Os paises muçulmanos nao são homogeneos, mesmo no modo como se relacionam com o islão, nao é possivel comparar eau com o yemen ou a somalia com a malasia
Etnicamente os portugueses são muita coisa, os berberes nao são a maior influencia no caldo genético
Acho que basicamente o sr tem razão.Os saloios que povoavam os arredores de Lisboa eram descendentes dos árabes . No século XVI havia 100 000 pretos em Lisboa, onde é que estão?
Somos nós.
As questões teológicas são importantíssimas para manter ou afastar os homens da Verdade.
O que a Teologia procura é uma aproximação à Verdade partindo da Fé para a Razão.
Todo o conhecimento tem verdades de fé. Eu acredito que a Lua está a 300 e tal mil km da Terra..
Mas se me pedir para provar tenho muita dificuldade.
Partimos do principio que os cientistas falam verdade
A questão do Corpo de Cristo estar ou não estar na hóstia é uma questão de Fé, de acreditar ou não em Jesus Cristo.
«Isto é o meu Corpo tomai e comei»
Tudo isto foi discutido e debatido ao longo de séculos pelos Doutores da Igreja e ler e estudar o assunto é das coisas mais fascinantes que a inteligência humana pode fazer.
Há uma arrogância nesta nosso tempo completamente insuportável que é partir do princípio que todas as gerações anteriores eram constituídas por mentecaptos
Faz parte da cultura popular e 'prontos', somos árabes (ou berberes ou seja lá o que for).
Há duas formas de verificar a migração genética: por marcadores no cromossoma Y ou no ADN de mitocôndrias. Isto é, pelo pai ou pela mãe (para o caso, tanto faz), pois esses são dois elementos genéticos que nunca se misturam. O que é da mãe, é igual ao da mãe dela, e o recíproco para o avô.
Isto para dizer o quê? Que há imenso estudo feito e estima-se que 90% da população masculina portuguesa não tem qualquer antecedente arabesco por parte do pai: é o haplogrupo R1b1c, apenas presente em cavalheiros originários do sudoeste das ilhas britânicas, noroeste francês, Irlanda e oeste da península ibérica.
Com a população feminina, fia mais fino. Do pai não se poderá saber nada mas da mãe existe, sim senhora, uma percentagem pequena mas não desprezável de mouras encantadas entre as avós.
Onde estão elas? No norte do país, terra dos visigodos (eu cá, que sou teimoso, prefiro dizer 'suevos'), fazendo crer que descendem daquelas roubadas ao Sarraceno, previamente passado por fio de espada para lhe acabar com a descendência.
Em resumo, temos ascendência árabe? Talvez, mas só se for contada à moda dos judeus.
"como eu gostava que os protugueses se manifestassem contra os bispos mais homofóbicos ou com mais ódio aos direitos das mulheres."
Esta frase, para além de estar aqui a despropósito, mostra bem a estupidez que reina na cabeça dos senhores esquerdistas. A apologia da homossexualidade faz-me pensar se este blogue é feito por casais.
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