sábado, 12 de abril de 2008

Rumo à escola «à la carte»

  • «O Presidente da República promulgou hoje o diploma sobre gestão e administração escolar, que já não prevê percentagens mínimas para o número de representantes dos professores e dos pais no Conselho Geral, futuro órgão de direcção estratégica das escolas. O diploma estabelece que o número de representantes do pessoal docente e não docente, no seu conjunto, "não pode ser superior a 50 por cento da totalidade dos membros do Conselho Geral", órgão com competência para escolher e destituir o director. (...) O Conselho Geral (...) aprova o plano anual de actividades, quando anteriormente emitia apenas parecer.» (Público)
Um «Conselho Geral» com maioria de pessoas vindas de fora da escola, e constituído por representantes da estupenda «sociedade civil» (igrejas e empresas, para não ir mais longe), passará a decidir sobre os planos de actividades escolares. Espera-se que em breve as actividades incluam idas semanais à missa, anuais a Fátima, e experiências de trabalho gratuito na empresa de calçado da zona. No futuro, os programas escolares poderão ser adaptados às especificades regionais, de forma a termos Língua Portuguesa madeirense ou açoriana, Matemática algarvia ou minhota, e Filosofia beirã ou alentejana.
Porque será que a ministra não considerou a eleição dos membros do «Conselho Geral» por sufrágio local, e não introduziu uma norma recordando a não confessionalidade do ensino? Seria um pouco melhor...

9 comentários :

Anónimo disse...

Mais uma vez lhe digo:
A sua análise destas notícias destoa, no que da sua personalidade aqui dá a conhecer, pelo alarmismo impetuoso. Uma vez que todos esses "perigos" não são mais que suposições, deixo aqui a minha convicção de que desde muito brevemente a efectivação em pleno vigor do novo sistema desmentirá todos os vaticínios horribilis.

AL

João Vasco disse...

Agora lembrei-me daquela disciplina sobre publicidade, com o apoio de tantas marcas "disponíveis" para ajudar a construir o currículo.

Alguém se lembra disto com mais detalhe?
O céu é o limite.

Anónimo disse...

O exemplo do primeiro comentário demonstra bem o nível de ignorância e de estar completamente fora das coisas em que as pessoas neste país vivem

Basta dizer, por exemplo que no mês de Fevereiro o governo português estabeleceu uma parceria com a APAN - associação portuguesa de anunciantes, onde , entre outras coisas um programa chamado "Media smart" irá ministrar formação aos alunos para que estes aprendam "técnicas de publicdade.

Isto aos alunos dos primeiro e segundo ciclos.

Caro senhor que assina AL.

As "suposições" já não são suposições, mas sim realidades.

Uma das empresas que faz parte da APAN é a nestlé.

Uma empresa que vende "produtos" comerciais, vai ter direito - em primeira mão - a doutrinar pessoas novas em idade influenciável e que não tem qualquer defesa contra os truques da publicidade, com o beneplácito do Estado.

Veja caro senhor que assina AL se deixa de ser carneiro e passa a ver as coisas como elas são.

O novo sistema é uma grandessíssima merda.

Não há outra forma de o classificar.

Um sistema que põe 5 ou 10 ou 15 entidades todas ao mesmo tempo a mandar é um sistema completamente corrupto e imbecil.

E ainda por cima são entidades completamente conflituantes entre si porque os interesses delas todas são totalmente divergentes umas das outras.

Ainda vai conseguir ser pior do que o que actualmente existe.

Viva a esquerda.

Eu que até sou de esquerda na próxima revolução vou participar.


Mas vou aos cornos aos gajos que se proclamam ser de esquerda, não aos de direita.

Estou farto de vendidos e de aldrabões e de trastes incompetentes.


Não há mais paciência para tantos canalhas nos partidos de esquerda.


Se não sabem mais que isto, politicamente, fechem as portas e desapareçam.

Parem é de enganar as pessoas com tretas.

João Vasco disse...

dissidentex:

«por exemplo que no mês de Fevereiro o governo português estabeleceu uma parceria com a APAN - associação portuguesa de anunciantes, onde , entre outras coisas um programa chamado "Media smart" irá ministrar formação aos alunos para que estes aprendam "técnicas de publicdade".»

Era precisamente disto que eu estava a falar, obrigado.

«Viva a esquerda.»
Esse sarcasmo não faz qualquer sentido.
Esta medida não é, obviamente, uma medida de esquerda, tradicionalmente muito mais hostil ao universo da publicidade.

É uma medida drante um governo que alega ser de esquerda, o que é algo muito diferente.

Anónimo disse...

Jotildevasco:

a "noticia em questão " passou algo despercebida.

E a razão pela qual eu bato na "esquerda" e´a seguinte.

Tomei nota da noticia porque a APDC -associação para o consumo denunciou a coisa.

A deco, grande associação de consumidores da treta ligada ao PS,assobia para o ar e faz comparações de preços de maquinas de lavar e secadores e diz-nos que isso é que é proteger o consumidor.

Portanto o sarcasmo faz todo o sentido.

Estou com a paciência estourada com estes gajos e com as habilidades de merda deles.

Vai lá explicar ás pessoas de esquerda, não muito politizadas por aí além que o PS não é "de esquerda".


E a questão não está em a esquerda ser ou não se hostil à publicidade.

Pura e simplesmente a questão está em que o Estado/Governo não deve patrocinar interesses de empresas privadas em escolas, mais a mais o que isto é.


Se as empresas privadas querem vender, que dêem ao pedal e façam por isso.

Agora corrupção e falar em nome da esquerda e dizendo que isto é ser-se moderno é que não.


Quanto ao sarcasmo: fala com o Ricardo Alves que é mais velho e leu umas coisas e pergunta-lhe quem foi Adolfo Casais Monteiro e o que ele escreveu sobre Portugal.

Está lá tudo, com a diferença de que já foi escrito há 60 anos.


O facto deste governo alegar ser de esquerda não isenta de responsabilidades quem os está a apoiar ou seja a carneirada de militantes do PS.

Neste momento já conseguiram fazer mais estragos do que o Cavaco, o Guterres, o Barroso-lopismo, todos juntos.

E prometem não parar por aqui.

E dizes-me tu que o sarcasmo não faz nenhum sentido?

Ora batatas ...

Ricardo Alves disse...

Sobre as «aulas» de publicidade:

http://esquerda-republicana.blogspot.com/2007/09/aulas-de-nestl-de-danone-de-kellogs-do.html

Anónimo disse...

1. Acho muito bem que as pessoas que se profissionalizam tenham essa promiscuidade com as empresas.

2. Eu referia-me sobretudo ao papel que supostamente teriam (e que não têm) as organizações religiosas.

AL

João Vasco disse...

«1. Acho muito bem que as pessoas que se profissionalizam tenham essa promiscuidade com as empresas.»

Em que é que ter mais vontade de consumir produtos Kelogs é útil para a vida profissional?

Porque é que na escola pública, durante as aulas, as empresas haveriam de promover os seus produtos?
Isto é tão disparatado que até é macabro.

Anónimo disse...

estou convencido que não é isso que sucede.