Na Europa podemos estar descansados que isto não vai acontecer: se Bolonha prova alguma coisa para além de qualquer dúvida razoável é que o Barroso e os amigos estão seriamente empenhados em destruir completamente o ensino público na União Europeia.
Na UE deles não vai haver ensino para os pobres, como não vai haver saúde, nem segurança social. A melhor estratégia para os europeus vai ser ter muitos filhos para os que sobreviverem os alimentarem quando eles forem despedidos por velhice ou doença.
Mas uma das coisas que os documentários de Dawkins trazem para a mesa (embora não explicitamente) é que o recurso à superstição (Lourdes, Fátima, aromaterapia, homeopatia, acunpuntura, etc.) é uma reacção à desumanidade do sistema de saúde público dirigido por CEOs e gestores da Católica em que a única coisa que conta são os tostões. O tempo médio que um médico em Inglaterra dá a um doente são 8 minutos. Os homeopatas levam-lhes um braço e uma perna mas ouvem-nos durante uma hora antes de lhes receitarem água com memória...
Eu acho que o capitalismo isolou as pessoas, destruíu-lhes os direitos um a um, a família, o lazer, a vida social e o optimismo (os europeus são todos patologicamente cínicos). As únicas instituições inclusivas e simpáticas na vida de quem não tem nada são as medicinas alternativas e as rezas (com cantos, como nas igrejas evangélicas).
E nesse sentido estou tão pessimista como Dawkins quando penso no futuro da ciência. Mas não acho que lá porque o príncipe Carlos acredita em coisas absolutamente idiotas se possa dizer que as pessoas sejam hoje mais malucas do que no passado.
Talvez isto seja mais difícil de engolir nas sociais democracias europeias do pós-guerra, onde se gozaram duas ou três décadas de democracia, liberdade e racionalismo. Mas a verdade é que nos últimos 10 mil anos o mundo foi sempre assim, ou pior. Por exemplo: há mais de 220 anos que a Igreja Católica não queima ninguém em público.
7 comentários :
No entanto os republicanos fartaram-se de queimar padres, bispos e leigos nos ultimos 200 anos
Diga lá o nome de um padre ou bispo queimado por autoridades portuguesas.
Como o Sr sabe ca os Republicanos nao mataram padres, (muito por culpa do Dr Salazar ) embora para comemorar a implanta�o da Republica tenha sido incendiada a Igreja Paroquial de Sao Gregorio da Fanadia.
Em Espanha foramm mortos pelos Republicanos 6861 religiosos catolicos (12 bispos, 4.184 padres, 300 freiras e 2363 monges) e incendiadas 20 000 igrejas para ajudar a festa.
«Como o Sr sabe ca os Republicanos nao mataram padres»
Ah... Mas os católicos mataram republicanos.
«Em Espanha foramm mortos pelos Republicanos 6861 religiosos catolicos»
Muitos deles combatiam de armas na mão. Cometeram-se atrocidades dos dois lados. Como já disse várias vezes neste blogue: não acho que matar um padre seja diferente de matar um não padre. Acho que se trata do mesmo crime de homicídio. O Francisco acha que há diferença?
Claro que é diferente. Um crime tem sempre razões por detrás mas matar alguém por ser o que é diabólico.
Muitos judeus foram mortos apenas por cometer um crime : ser judeus.
Muitos padres foram mortos e perseguidos apenas porque cometeram um crime: ser padres.
Um assassinato tem sempre razões, boas razões. Quem mata para roubar está convencido que vai alcançar um bem maior: o dinheiro. Os nazis estavam convencidos que acabar com os judeus era um bem. Os Republicanos estavam convencidos que acabar com os padres era um bem. Os srs ainda estão convencidos que acabar com os padres é um bem, por agora não os querem matar, mas é por agora..
O erro é estar convencido que se alcança um bem, fazendo o mal. O mal puro não existe.O Bem é como a luz e o mal como a escuridão. Não é possível iluminar apagando luzes .
(Correcção) matar alguém por ser o que é, é diabólico
Francisco Múrias,
e houve anarquistas, republicanos, comunistas e sindicalistas que foram mortos por serem o que eram.
Os republicanos de 1910 não quiseram «acabar com os padres». Limitaram-se a tentar que o Estado deixasse de lhes pagar um salário. Se o Francisco acha que despedir alguém da função pública é «matá-lo», desculpe lá mas tem sérios problemas de compreensão da realidade.
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