sexta-feira, 15 de junho de 2012

Syriza, uma bela resposta dos gregos

Depois da crise estalar, a reação nas urnas foi, grosso modo, a de castigar o boneco que estava no poder. Outra reação frequente foi votar no candidato-palhaço. Em Portugal tivemos essa versão em José Manuel Coelho sem grande sucesso, mas em Reiquiavique o palhaço ganhou e governa desde 2010. Depois houve a reação mais clássica que é votar na constelação de partidos ultra-conservadores e nacionalistas, partidos que não têm programa político a médio e a longo prazo, onde tudo se baseia na culpabilidade de uma certa faixa da população por todos os males do país (ciganos, desempregados, imigrantes, judeus, muçulmanos, etc.). Outro clássico é o discurso anti-políticos muito do agrado dos principais culpados da crise, setor financeiro e banca, para sacudir a água do capote. Foi deste discurso anti-políticos, por exemplo, que surgiu a Forza Italia de Berlusconi em meados dos anos 90, depois da operação Mãos Limpas. Eram todos maus e corruptos, exceto ele Berlusconi, aliás como o tempo veio a demonstrar...
Se recuarmos um pouquinho na máquina do tempo, até aos anos 30 do século XX, descobrimos o maravilhoso futuro que este cocktail de nacionalistas, palhaços e políticos anti-políticos reservou à Europa. Foi só a pior catástrofe de sempre. Nunca se destruiu tanto e nunca se morreu tanto na Europa em tão pouco tempo.

Durante as últimas décadas houve algumas famílias políticas que sempre se recusaram a compactuar com uma economia onde o estado e os cidadãos estivessem reféns dos mercados financeiros, que preferiam um modelo onde os mercados estivessem ao serviço dos cidadãos, das empresas e da qualidade de vida. E por isso foram frequentemente ostracizados.  
Exemplos conhecidos são a família dos Verdes Europeus, esquerdas alternativas (a que pertence o BE e o Syriza), alguns partidos socialistas e sociais-democratas que não se deslumbraram com os mercados e, à direita, alguns partidos democratas-cristãos genuínos que não venderam a alma ao diabo. Estes partidos raramente governaram nas últimas décadas de devaneio financeiro, é natural. 
Dada a gravidade da sua situação, a Islândia foi um dos primeiros casos em que os eleitores perceberam que era preciso escolher os que sempre se bateram contra o tipo de economia que destruiu o país e elegeram a Aliança Social Democrata (partido da família do BE). Em toda a Europa, partidos desta mesma família esquerdista e europeísta (a favor do euro e de mais integração) como o Front de Gauche em França, o Syriza na Grécia, o Partido Socialista na Holanda e partidos da família dos Verdes estão a aumentar consideravelmente a sua representatividade. Os Verdes já governam em Baden-Württemberg. Na Holanda e na Grécia tudo indica que estes partidos poderão discutir a vitória nas próximas eleições. Se forem governo não é garantido que os respetivos países se transformem num mar de rosas, mas uma coisa é certa, os mercados por muito que lhes custe vão começar a trabalhar mais ao serviço do Estado, dos cidadãos, das empresas e dos produtores. A expressão da vontade de mudança dos gregos, aderindo massivamente ao Syriza, é de louvar. O mais fácil seria exprimir a vontade de mudança aderindo aos nacionalismos, aos populismos anti-políticos e aos palhaços cujo programa político é nulo a médio e a longo prazo e que só iria agravar o caso das gerações seguintes. A escolha dos gregos pelo Syriza até poderá revelar-se uma desilusão, mas por muito má que seja essa desilusão esta escolha comportará consigo sempre mais futuro e mais esperança para as próximas gerações do que todas as outras opões, aliás já mais do que batidas.

Boa sorte Syriza!

14 comentários :

Miguel Madeira disse...

"a Aliança Social Democrata (partido da família do BE)"

Penso que a ASD é o equivalente ao PS; o partido próximo do BE será o Movimento Esquerda Verde (o segundo partido, acho, e que governa em coligação com a ASD)

Ricardo Alves disse...

Até concordo com muita coisa do teu artigo, mas se fosse grego votaria no DIMAR.

Filipe Moura disse...

"Durante as últimas décadas houve algumas famílias políticas que sempre se recusaram a compactuar com uma economia onde o estado e os cidadãos estivessem reféns dos mercados financeiros, que preferiam um modelo onde os mercados estivessem ao serviço dos cidadãos, das empresas e da qualidade de vida. E por isso foram frequentemente ostracizados."

Rui, nessas famílias esqueces-te de referir a Esquerda Unitária Europeia, a que pertence o PCP e 2/3 do Bloco. A afirmação "um modelo onde os mercados estivessem ao serviço dos cidadãos" não se aplica a estes partidos, é certo, mas o recusarem-se a compactuar e o serem ostracizados sim. E creio que isto terá mais a ver com o Syriza.

Concordo com o teu texto, embora o ache excessivamente otimista (quem vai ter uma grande desilusão no domingo somos nós, e não será com o futebol). No entanto digo: boa sorte, Syriza, sem dúvida! Agora acho difícil, no mesmo texto, defender o Syriza e os Verdes, como tu o fazes, sem referir o que o chefe dos Verdes no Parlamento Europeu afirmou a respeito do Syriza (pondo em causa todo o movimento ecologista, com que simpatizo). Sobre esse senhor, razão tinham o Georges Marchais e o François Mitterrand, duas personalidades políticas muito mais relevantes que ele, e que o toparam logo no Maio de 68.

meirelesportuense disse...

E os Partidos Comunistas?...Apoiaram estas políticas?...Sinceramente...
Compreendo, os Partidos Comunistas são constituídos por homens e mulheres do tempo das cavernas, desculpem, se calhar nem sequer existem.
Não é justa esta omissão, até porque são feitas referências a Partidos Democratas Cristãos.
Podemos não gostar das ideias, mas convém ser justo.

Doctor Who ? How? We the Happy few band of.... disse...

Synaspismos é uma falange em marcha em marx, se 20% de 60% ou menos dos gregos votantes se pode afirmar massivamente entonces Cavaco Silva ganhou 2 vezes e tal massivamente à Synaspismos Rizospastikīs Aristerás....
atão o PRD era um Rizospastikīs Eanitikusterás....

aristos da montanha ou dos sans cullotes tante me fax

boa fé é ser assis tan bem fadado...ou diz-se phodido

Doctor Who ? How? We the Happy few band of.... disse...

sobre este señor flipper bem dizia o François que até se lixava para a filha da ilegítima mas tinha tantes amis

Ide levar no déficite ide disse...

esta Madeira está verde...quiçá é um jardim ainda pequenino...

acho que o ASmoDeus é o equivalente ao José Coelhone e ao Partido Pirata

O movimento esquerda verde é uma esquerda em camuflado ou diz-se Feldgrau?

Ide levar no déficite ide disse...

ó Alves dos Reys...se fosseis?
mas ó mano és mai grego que muitos gregos

és muito mais grego que o jagganatha

JagaJune 16, 2012 12:24 AM

Προσέχετε τι γράφετε γιατί αυτά περί καταστροφής της εγχώριας παραγωγής είναι ακριβώς αυτά που λέει εδώ και χρόνια το ΚΚΕ εναντίον της ΕΕ.

Απλά το λέω, γιατί μάλλον φαίνεται να το αγνοείτε (ακτός αν ψηφίζετε Αλέκα...)

Ως προς το πρακτικό, αν μιλάμε για τόνωση του ισοζυγίου εξαγωγών-εισαγωγών, τυπικά ένα σκληρό ξένο νόμισμα ευνοεί οριακά το πρώτο και εντελώς αρνητικά το δεύτερο (αν δεν υπάρχει σωστή παραγωγή). Επομένως ούτε αυτό είναι σοβαρό επιχείρημα υπέρ του ευρώ.

Ο μοναδικός λόγος που το ευρώ ίσως μας συμφέρει σε αυτή τη φάση είναι ότι ολόκληρος ο πλανήτης έχει πέσει με τα μούτρα να το διασώσει. Τίποτα άλλο.

Pecebeste?

nã?

Ide levar no déficite ide disse...

my name is bonds ....greek bonds....

és cola boca je:
sobre este señor flipper bem dizia o Chirac que até se ia ao texas arranjar dólares

chemengoffJune 15, 2012 8:57 PM

Σωστά, αλλά το πιο σημαντικό, που ηθελημμένα παραβλέφθηκε είναι αυτό που επισήμανε O Jim Slip. Ότι το ισοζύγιο εισαγωγών-εξαγωγών θα τονωθεί όχι μόνο από την αύξηση των εξαγωγών αλλά και από την μείωση των εισαγωγών. Τέρμα η πατάτα Αιγύπτου. Δε θα έχει νόημα να την εισάγουμε όταν θα την παράγουμε πιο φθηνά στην Θήβα ή στην Τρίπολη. Και τόνωση της γεωργίας και ανακούφιση του ελληνικού νοικοκυριού με ντόπια πατάτα.

iste há cada flipper....

Doctor Who ? How? We the Happy few band of.... disse...

Αλέξης Τσίπρας tamém tal como sokras é engenheiro civil é natural são gregos

ó Alves dos Reys tu est de Ares non?

Sou Ares disse para pores as impressoras de eurros a funcionar

depois dá-se a gregos e a troianos

foi assis que ele fez com a chapa 10.....

acho que as notas de 500 mil dracmas vão ter Ares na frante
as de milhão de dracmas devem ter marx
como as notas de 100 marcos dos alemães que costumavam ser gregos

João Vasco disse...

Mesmo simpatizando mais com o DIMAR, o bónus de 50 deputados para o partido mais votado e a oportunidade3 histórica que se apresenta à esquerda far-me-iam ceder ao voto útil no Syriza nestas eleições.
Seria uma experiência interessante.

Ainda assim, o mais provável é que o bónus vá para a direita. Tanto entusiasmo da parte da esquerda esquece que apesar de tudo uma vitória do Syriza NÃO é o cenário mais provável.

Ide levar no déficite ide disse...

reaccionário......

morte à reacção...e a oportunidade3 histórica

Ricardo Alves disse...

Rui,
estive a olhar com mais cuidado para as sondagens, e nem a «melhor» delas chega para uma maioria SIRYZA/DIMAR. Quando muito, o SIRYZA teria que pedir apoio parlamentar ao DIMAR e ao KKE. O que parece impossível.

tempus fugit à pressa disse...

ó alves dos reys com uma eurropa a afogar-se nos seus próprios venenos, uma eurropa corporativa fragmentada e ingovernável que nunca se quiz reformar e atirou dinheiro para cima dos problemas enquanto pode...

qué que interessa se ganha o Chirac grego ou o Mevouenterrand mas devagarinhho

Ganhe quem ganhar soluções não há...e o norte sem o sul vai estiolar
e o sul sem o norte vae sucumbir ao marasmo
porque tá cheio de velhos e jovens de meia-idade institucionalizados e nazionalizados à décadas

pecebido?
claro que não...