segunda-feira, 11 de junho de 2012

iFixit

Nos anos 60, um engenheiro da República Democrática da Alemanha foi apresentar a um salão internacional de eletrodomésticos uma lâmpada que segundo o próprio não se fundia. Orgulhoso da sua invenção, o engenheiro alemão estranhou a falta de interesse que a invenção despertou entre os seus concorrentes. Um deles chamou-o à parte e disse-lhe que se comercializasse essa lâmpada nos EUA todos iriam perder uma margem considerável de lucro. Desde 1925 que os principais fabricantes de lâmpadas (Phoebus, Osram, Philips, e General Electric) tinham chegado a um acordo para estabelecer uma longevidade de 1000 horas em vez da média de 2500 horas que eram registadas nos testes.
A longevidade programada de eletrodomésticos e aparelhos eletrónicos não é um problema de hoje, mas está a tomar proporções sem precedentes à medida que aumenta o número de multinacionais que aderem à filosofia de produtos não reparáveis associados a esquemas em que é estabelecido propositadamente um tempo de vida limitado a um componente basilar de funcionamento do aparelho. Empresas como a Epson e a Apple foram recentemente objeto de denúncias públicas significativas deste tipo de práticas. A Epson começou a equipar impressoras onde um dos chips que controlava a execução da impressão era programado de raiz para funcionar até às 18000 cópias. A partir desse número, o software da impressora deixa de transmitir a ordem de impressão (vale a pena ler a desculpa da Epson). No caso da Apple, desde 2003 telefones e leitores de música começaram a ser equipados com baterias integradas de curta longevidade (cerca de dois anos) que não permitem uma substituição trivial.
Um grupo de admiradores dos produtos Apple e de ex-trabalhadores da empresa, desiludidos com a política da longevidade programada criaram a empresa iFixit dedicada à reparação de eletrodomésticos e aparelhos eletrónicos objeto de longevidade programada. No seu sítio explicam como reparar em casa alguns desses aparelhos.
Podemos descobrir aí os métodos perversos da Apple para impedir a substituição das baterias (colas, parafusos incompatíveis com as chaves de fendas, armadilhas mecânicas), obrigando o cliente a dirigir-se às lojas Apple para resolver o problema onde os custos da substituição da bateria são de cerca de 70% do valor do produto. Na prática o cliente é forçado a trocar o seu modelo pelo novo modelo lançado no mercado. Como resultado de protestos, processos em tribunal e do ativismo de variados grupos de cidadãos, a Apple começou a alterar alguma da sua política de longevidade programada.
Entretanto, em Livermore, Califórnia, no quartel dos bombeiros locais existe uma lâmpada acesa em contínuo desde 1901 (na foto).

6 comentários :

Ide levar no déficite ide disse...

num mundo de produtos de duração ilimitada
o emprego cai e o desemprego sobe

sem necessidade de con sumo e substituição do carro de 4 em 4 anos em vez de 20 em 20

e do telemóvel de 2 em 2 em vez de 12 em 12...

teríamos gaijos com casacos herdados do avô
samarras do bisavô
a obsolescência das facas de silex de pedra lascada

e os novos modelos de pontas de silex serrilhadas

permitem que a indústria de prospeção e distribuição de silexitos escave minas de dezenas de metros de profundidade

produzindo sempre novos e pedrados produtos

a pedra telegrama

a pedra pra chamar a gaija

a pedra pra afastar os mirones

a pedra pra fazer pedra picada

a pedra que dá pedra na tola

UMA pedra para controlar todas as pedras?

só uma?

ao menos meia dúzia

ou uma dúzia cá dúzia é mais barato

tenho as minhas dúvidas que essa lâmpada esteja acesa continuamente desde 1901

um pedaço de vidro no deserto durante 100 anos tem os seus problemas

um casquilho de latão aquecido con ti nua mente durante 111 anos? pois...

acreditou em histórias da carochinha até aos????

Ide levar no déficite ide disse...

de resto todas os filamentos de lâmpadas que duraram mais foram aqueles que nunca foram apagados ou foram pouco e mantiveram assim o filamento de wolfrâmium ou tung esté ni oh comme vous voulez a temperatura constante

evitando dilatações e contracções constantes

mas tenha durado 100 anos em contínuo o que é pouco provável dada a rede eléctrica há 100 anos e os apagões constantes

manter uma lâmpada antiga de 60 ou 100 watts em contínuo para durar mais tempo

consome energia à farta....fica mais barato em 100 anos comprar 50 lâmpadas

excepto na islândia...

Sérgio disse...

Ora aqui está uma amostra do progresso científico inspirado "pelos mercados"...

meirelesportuense disse...

Nada como um rico e eficiente "espírito empresarial"...Porque coisas que não avariam são impróprias de uma verdadeira "sociedade de consumo"...Aonde é que já se viu tal coisa?
As lâmpadas económicas são uma fraude, são verdadeiramente económicas se derem uma luz muito fraquinha, mas isso também acontecia com as outras...Económicas são as velas!...
Os carros Eco são económicos se andarem em marcha controlada, se lhes esganarem a respiração, se abrirem as válvulas livremente bebem como os outros...Uma enorme mentira!

nando disse...

Nada disso impede que apareçam no mercado empresas que se destaquem precisamente por os seus produtos poderem durar muito mais tempo. Caberá ao consumidor decidir avaliar os custos e benefícios de possuir aparelhos que durem mais tempo.

Ide levar no déficite ide disse...

claro carros que durem 60 anos como os caddilacs em cuba

camisas que durem 48 anos como nos bairros de lata africanos

e já agora regimes que durem 48 anos como aquele que reciclava todos os bens e se guardavam os fósforos apagados para acender no fogão e poupar um fósforo

e já agora facas de pederneira
tenho cá uma com dez mil anos....e ainda fun ciona meus