Quanto mais leio sobre o 25 de Novembro, mais me convenço de que os pára-quedistas de Tancos fizeram um enorme favor a toda a gente (mesmo aos extremos aparentemente mais sedentos de sangue), ao possibilitarem que tudo se «normalizasse» nas Forças Armadas sem desastres de maior. Até talvez lhes devessemos fazer uma estátua por terem aliviado, cirurgicamente, a tensão que se acumulava e poderia facilmente descambar. Este ano, o texto mais interessante sobre o 25 de Novembro apareceu no Público e lê-se ali. Conclusão:
- «Apesar de todos os mistérios que persistem, visto de hoje o 25 de Novembro parece antes de tudo uma imensa encenação, em que, tacitamente, todos, da extrema-esquerda à extrema-direita, conspiraram para o mesmo desfecho. Como se estivessem cansados, e optassem pela paz.»
Evidentemente, à direita (e a alguma esquerda) interessa usar a tese do «golpe da esquerda radical a 25 de Novembro» como argumento para excluir do espaço do poder as forças à esquerda do PS. À medida que os anos passam e as provas do pretenso «golpe» tardam em aparecer, o argumento perde força. E, se um dia se descobrir que boa parte da direita conspirou, depois da «normalização» do 25 de Novembro, para fazer algo semelhante ao «23-F» espanhol, quero ver como vão descalçar a bota.
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