De leitura indispensável
esta entrada do Arrastão. Da minha parte, não só por causa do texto do Daniel Oliveira em si, mas sobretudo por causa da discussão que se segue (no que diz respeito à Alemanha - o caso francês referido parece ser mais um
fait-divers sarkozyano). Sobretudo com o comentadores Bossito e JP, com quem estou de acordo. Valores como a igualdade básica e a liberdade de imprensa não podem ser relativizados. Ao pé desta discussão fundamental - como deve a Europa tratar os seus imigrantes? - , a do véu islâmico (onde mais uma vez defendo a não relativização da igualdade básica) parece marginal. Mas sempre a vi como fundamental, pois evidencia as diferentes concepções sobre integração de imigrantes e diferentes culturas em vista. Esta é uma questão a que, cada vez mais urgentemente, a esquerda não pode fugir. Quanto mais tempo esta discussão demorar, mais a extrema direita subirá.
"Quem fala assim certamente nunca perdeu o emprego para mão de obra mais barata vinda do estrangeiro. O perigo da esquerda continuar a alimentar estas visões completamente irrealistas, alienadas e sem qualquer possibilidade de aplicação prática sobre as questões da imigração, está precisamente em deixar para as mãos da direita o exclusivo do tratamento do tema. Isso sim, assusta-me."
"O que se defende aqui (e reparará que a maioria defende uma solução de “bom senso”) é que a abertura é bem vinda desde que, pela sua quantidade, não degrade as condições de vida, e pela sua qualidade, não ponha em causa os direitos liberdades e garantias que tanto custaram a conquistar. (...)O argumento (do nosso lado digamos assim) é que quem defende o mesmo que o Daniel geralmente vive em locais pouco afectados por aquilo que defende (acontece o mesmo com a localização dos bairros sociais ou com a co-incineração. São óptimos mas niguém os quer ao pé de casa.)."
4 comentários :
Um amigo meu holandês contava-me há uns anos que a mulher dele é frequentemente insultada na rua por muçulmanos que a mandam por o véu e lhe chamam "puta" por andar sózinha, sem um homem.
Acho muito bem que se lembre a estes selvagens que na Holanda há uma constituição que defende os direitos das mulheres e que eles têm de cumprir as leis básicas do país, como as outras pessoas todas.
Não concordo com o que o Daniel Oliveira defende nessa discussão.
Recordo-me, por exemplo, de o BE defender aulas simultâneas em português e crioulo (ou outras línguas estrangeiras) na escola portuguesa. O resultado seria retirar aos filhos de imigrantes a pressão para aprenderem português - e assim terem mais chances no mercado de trabalho e maior participação cívica.
Está muito bom este artigo.
É bom não esquecer que a ascensão do partido nazi na Inglaterra aconteceu junto de comunidades muçulmanas, facto que não se registou junto de comunidades africanas (subsarianas) e indianas (hindus ou sihks).
Não se trata de uma questão de cor de pele mas de defender os mais elementares valores.
Sobre a Holanda permito-me lembrar aquela triste decisão de correrem com aquela activista somali que pregava contra o Alcorão.
Neste caso foi a direita que arranjou forma de dizer que a senhora era clandestina.
Como sabem eu sou crente no Alcorão mas detesto a cobardia e a falta de respeito pela liberdade e dignidade de cada um.
Acrescento, que quando o governo (de direita) francês acabou com o lenço para as mulheres quem mais ficou feliz foram as que se desenvencilharam daquele trapo.
O João Moutinho sabe separar a sua crença do que é o abuso da religião para fins políticos. Há poucos crentes assim.
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