quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O que será da cultura dos nossos filhos com exemplos destes?

Francisco José Viegas, que foi Secretário de Estado da Cultura do actual governo, dirige-se publicamente ao Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do seu governo nos seguintes  (e muito elevados) termos:
  • «Caro Paulo Núncio: queria apenas avisar que, se por acaso, algum senhor da Autoridade Tributária e Aduaneira tentar «fiscalizar-me» à saída de uma loja, um café, um restaurante ou um bordel (quando forem legalizados) com o simpático objectivo de ver se eu pedi factura das despesas realizadas, lhe responderei que, com pena minha pela evidente má criação, terei de lhe pedir para ir tomar no cu».
E o ministro Miguel Relvas toma conta da ocorrência com as seguintes sábias palavras: «Respeito e respeitamos as opiniões de quaisquer ex-membros do Governo». Certo. E respeitarão a opinião de um vulgar cidadão que lhes diga o mesmo que o carroceiro Viegas(*)?

(*) Note-se que, segundo a wikipedia, se trata de um «homem religioso».

6 comentários :

Filipe Moura disse...

Começo por esclarecer que não me repugna nada que se pague multa se não se pedir a fatura. Duvido que seja caso único a pensar assim. Hei de escrever sobre isso.

Mas o mais importante, e tratando-se deste post. Ricardo: se os teus filhos falarem como o Viegas em ocasiões menos próprias, a culpa é tua. Quem falha como pai és tu. Não culpes o Viegas por isso. Não subscrevo nem um pouco o tom moralista deste texto.

Maquiavel disse...

Pois. E pois

Ricardo Alves disse...

Realmente ninguém percebe as minhas ironias. Nem quem me conhece há tantos anos...

Anónimo disse...

Então para o Filipe Moura é pior o moralismo questionavelmente implícito na condenação dos requintes burgessos da prosa do Viegas, aliás exemplo da bazófia altaneira e da irreverência sonsa e pretenciosa de alguma direita conservadora, do que a inversão dos princípios da moralidade, na forma de uma penalização imposta pelas Finanças que condena os cidadãos pelas faltas de terceiros?

Unknown disse...

Francisco, pouco importa se os cidadãos devem ou não ser multados por não pedir factura.

A questão aqui é que o estado não tem qualquer LEGITIMIDADE para impor aos cidadãos o que não IMPÔE a si mesmo. Onde reside a legitimidade de um sistema que ao mesmo tempo que multa um cidadão por não pedir fatura de uma bica, impede que se legisle e se criem condições para combater A CORRUPÇÃO NO SEU SEIO, que viola e vilipendia, o dinheiro que esses cidadãos ajudam o estado a receber.

Esta é a QUESTÃO. Porque se o governo tomasse medidas de combate à corrupção e de empowerment das instituições de base cidadã, que permitissem a estas irem alem de acções em tribunal, então as multas justificar-se-ião, em pleno.

Havendo dois pesos e duas medidas, este tipo de multas é absolutamente ILEGITIMA, para não dizer outra coisa.^

E isto é aplicável a este governo e a todos os antecedentes & vindouros que assumam a mesma postura.

Anónimo disse...

Carlos,

Nada no meu comentário obsta ao que disseste, e por isso não percebo porque mo dirigiste...