terça-feira, 22 de maio de 2007

Revista de blogues (22/5/2007)

  1. «Um punhado de monárquicos ressentidos tenta travar a iniciativa do Parlamento que consiste em levar os restos mortais de Aquilino Ribeiro para o Panteão Nacional. Motivo: o autor de “Quando os lobos uivam”, teria estado implicado no regicídio de 1 de Fevereiro de 1908. Os contos, a este respeito, são largos. Como já aqui referi [neste poste], os braços de ferro em torno das memórias do passado, fazem pouco mais do que tomar pretextos para influenciar estratégias do presente. Semi-perplexa, a memória de Guerra Junqueiro, (ao lado de outras) deveria agitar-se incomodada. É que o autor de “Os simples”, com o seu funesto poema “O caçador Simão”, prevendo-o, incitou também ao assassinato de D. Carlos. Porém, Junqueiro, que ocupa há muito o seu lugar, de direito, no Panteão Nacional, parece repousar já para além de qualquer ressentimento...» («Para lá do ressentimento(2)», no Puxa Palavra.)
  2. «(...) conviria encontrar certos termos de comparação, para melhor se entender aquilo a que chama de "politicamente correcto". Pensemos por exemplo no exemplo que dá, a prostituição. Diz a Patrícia que agora já nem se chama às prostitutas de prostitutas, mas de "trabalhadoras do sexo". Ora, eu conheço, e a Patrícia por certo também conhece, outro termo para as designar: putas. Assim mesmo. Eu, cara Patrícia, reconheço-lhe o direito de as chamar de putas. Se quiser, pode chamar os homossexuais de paneleiros. Ou os muçulmanos de terroristas. Ou os esquerdistas de ignorantes. Faça-o, ningúem a quer proibir. No máximo, talvez a contradiga, ou melhor, a ignore. Sucede que há aqui uma questão a pôr. Qual é a diferença entre as chamar de prostitutas, putas, ou trabalhadoras do sexo? A validade, digamos, semântica da coisa é igual. Já quanto à justeza moral, aí já é mais complicado. Os critérios são sempre uma coisa chata. Um critério a admitir (mas que poderemos discutir, ou se quiser, ignorar) será o da opinião das visadas sobre o termo. (...) É que isto do "politicamente correcto" é muito chato quando se reivindica o direito de chamar uma puta de puta, ou um paneleiro de paneleiro, mas tem a sua conveniência quando se trata de não nos chamarem a nós de uma coisa qualquer que não seja do nosso agrado. A minha mãe dizia-me que era educação, mas parece que agora se chama "politicamente correcto". Talvez seja politicamente correcto chamar a educação de politicamente correcto, não sei. Mas creia, cara Patrícia, que defenderei até à morte o seu direito à má educação, quer dizer, a rejeitar o politicamente correcto. Eu no máximo irei contradizê-la, ou mais provavelmente ignorá-la. (...)» («Lamento...», no 2+2=5.)

2 comentários :

jt disse...

Essa do Aquilino, só para rir... Estes monárquicos são mesmo divertidos!

sabine disse...

Eu acho bem. Monárquico ou não, esse escritor merecerá!