quinta-feira, 17 de maio de 2007

Revista de blogues (17/5/2007)

  1. «Temos vontade livre? A resposta é simples. Sim. A pergunta é que é complicada... Para muitos a pergunta é acerca de uma vontade que é livre por não haver causa que a determine, seja neurónio, gene, educação ou o que for. Se há uma causa para que a vontade seja exercida desta forma, uma causa para este acto, escolha ou decisão, então dizem que não é livre porque é apenas consequência da causa. Assim, quem procura este tipo de vontade livre não aceita que a mente seja uma actividade do cérebro. Isso reduz a vontade a uma cadeia de causa e efeito e essa, dizem, não é livre. Mas isto não faz sentido porque algo que ocorre sem causa não é vontade. É acaso. Um acto de vontade tem causas. São causas de um tipo especial, a que chamamos razões, mas são causas. (...) Um ser livre de escolher tudo o que sente, pensa, tudo o que se lembra ou prefere, acaba por não ter vontade. A vontade é livre quando há alguma liberdade de agir, mas só é vontade se houver algo que a motive. (...) Em suma, a vontade livre é a capacidade de seleccionar racionalmente possibilidades de acordo com a nossa motivação. (...) Podia ser a alminha a fazer milagres, mas não precisamos disso. Nem precisamos que tudo o que o cérebro faz seja vontade livre. Um ataque epiléptico causa uma acção que não é razão, por isso esta acção não é por vontade livre. Mas se um pensamento é razão para agir e causa um acto então é um acto de vontade livre.» («De livre vontade», no Que Treta!.)
  2. «Helena Matos assina no Público de ontem (...) um artigo fascinante. Não tanto pelo conteúdo como pela forma, que revela de uma forma exemplar o habitual template das suas intervenções públicas. Ora vejam: 1. A inspiração da autora provém com frequência de um crime, que tanto pode ser um assassinato, uma violação ou uma simples agressão. (...) 2. As vítimas são sempre pessoas vulgares, de preferência pobres e pertencentes a minorias étnicas. (...) 3. Helena indigna-se por não se ter falado suficientemente dos dramas dessas pessoas, e em particular por não ter havido manifestações para denunciar tais violências. 4. Helena indigna-se por as pessoas de esquerda não aceitarem que os responsáveis pelos actos narrados são criminosos que escolhem como seus alvos os mais pobres e os mais frágeis. (...) Manifestamente, Helena não entende que um acto não deixa de ser criminoso pelo facto de poder ser explicado por causas sociais. Tal como não entende que não é a classificação dos actos mencionados como criminosos que distingue a esquerda da direita, mas o facto de a direita se satisfazer com isso e a esquerda não. A direita recusa-se a procurar compreender o que pode ter causado um tal surto de violência urbana. Para ela, trata-se de um mero caso de polícia. Quanto à esquerda, considera que a actuação policial só tem efeitos no imediato e que, se não forem removidas as causas, elas voltarão a produzir efeitos similares mais cedo ou mais tarde. (...)» («Desargumentação», no ...bl-g- -x-st-.)

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