segunda-feira, 21 de novembro de 2005

Linguiça, Lobo Antunes e outras divagações

Hoje liguei a TV, e por acaso acabei no RTP-N. Simultaneamente desmentindo o mito do «domínio mediático da esquerda» e traindo as obrigações de equilíbrio da televisão pública, o debate era entre dois homens de direita: António Costa Pinto e (creio que) Rui Ramos. Inevitavelmente, estavam de acordo: Cavaco Silva já ganhou a eleição presidencial, e só se cometer um qualquer erro grave a perderá.
E no entanto, estou convencido de que se enganam... Minutos depois, ao ver um telejornal, Mário Soares apareceu. No breve espaço de uma notícia, conseguiu comprar enchidos e o último livro do Lobo Antunes, e ainda, veja-se lá, falar de política.
É fácil imaginá-lo a entrar numa sala cheia de apoiantes. Deve conseguir cumprimentar todos os presentes e dar trinta segundos de atenção a cada pessoa, sempre com aquele sorriso afável, e até será capaz de trocar umas palavrinhas com cada uma. Sobre linguiça ou Lobo Antunes, tanto faz: nota-se que tem um gosto genuíno em falar com as pessoas. E é por isso que vai ganhar. Por se notar e por se sentir que é genuíno.
Não é difícil de prever que de hoje até ao dia de reflexão conseguirá aparecer todos os dias. Sempre interessando-se por algo diferente e sempre sorridente.

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