quarta-feira, 9 de novembro de 2005

Francisco Louçã proferiu a palavra que começa por «L»

«Defenderei, como sempre o fiz, o direito à diferença e o respeito pelas escolhas de vida de cada pessoa. Esse respeito é uma condição da democracia: ao Estado não compete tutelar as consciências das pessoas e é por isso que deve aceitar as opções de cada um e de cada uma na escolha da sua orientação sexual e garantir todos os direitos civis a todas as pessoas sem discriminação.
Pelo mesmo princípio, o Estado republicano é laico, não tem religião oficial nem privilegia nenhuma religião, respeitando todas no seu âmbito específico de actividade, e garante a todas as crianças o acesso ao ensino público laico.
(...)
Defendo a legalização dos imigrantes e uma nova lei de nacionalidade que seja inclusiva porque baseada no princípio jus solis, porque essas são as bases de uma acção cosmopolita que é a única resposta consistente ao desagregar da integração punitiva que é a política dos guetos e do trabalho clandestino. Defenderei os direitos civis para os imigrantes, incluindo o direito de voto em todas as eleições de âmbito nacional - eleições autárquicas, legislativas e também presidenciais. Não deve haver taxação sem representação, é a regra republicana. Se os imigrantes estão obrigados, como devem, a pagar impostos e a cumprir as leis da República, têm direito a participar em todos os actos eleitorais relevantes para a aprovação das leis e para as decisões sobre o destino a dar aos seus impostos. Essa é a democracia de responsabilidade que defendo.»
Confesso que fiquei muito bem impressionado com estes dois parágrafos de Louçã: seria capaz de assiná-los sem quaisquer «se» nem «mas». O resto do discurso enferma do mesmo defeito do manifesto de Cavaco Silva: é demasiadamente pormenorizado em questões económicas (como a Segurança Social) em que a influência do Presidente é pouca ou nenhuma.

1 comentário :

Anónimo disse...

Também eu subscrevo os referidos parágrafos.

A candidatura de Cavaco Silva cheira a água benzida com a mão do Opus dei.