É hoje que vamos saber se o PS disciplinará os seus deputados no voto sobre o casamento entre homossexuais. Parece que será imposto o voto contra, com uma ou duas excepções simbólicas para «salvar a face» à JS.
A argumentação é curiosa. Depois do «não estava no programa do PS» (que não funcionou, porque também não estava o voto contra) e do «não houve debate público» (que é ridículo, pois esta tornou-se a «clássica» discórdia de «costumes» no pós-IVG), chegámos a um incrível «não votaremos contra o casamento entre homossexuais, mas contra o oportunismo político do Bloco de Esquerda», ao qual dá vontade de responder: se dá votos, votem a favor.
Por detrás de tudo isto, evidentemente, está um anacrónico temor ao presumido conservadorismo do «país profundo». Acontece que Portugal, nos comportamentos, já não é conservador: o casamento civil ter-se-á tornado maioritário, pela primeira vez, em 2007; uma em cada três crianças nascem de pais que não estão casados; e há um divórcio para cada dois casamentos. Estes indicadores mostram um Portugal real menos conservador do que a vizinha Espanha, onde os socialistas são, no entanto, mais corajosos. O diferencial entre os dois Estados ibéricos não se explica pelos comportamentos sociais, mas sim pelas mentalidades, e provavelmente pelas mentalidades das elites, que parecem imaginar um Portugal mais conservador do que realmente é.
Na minha escola primária, distinguia-se um «maricas» de um homossexual. Um maricas era pouco corajoso, tinha medo do escuro, do padre, das pessoas diferentes, etc; um «homossexual» fazia com os homens «coisas» que ninguém explicava bem. No PS, a esmagadora maioria dos deputados não serão homossexuais. Mas parecem (no sentido da minha escola primária) um bocadinho maricas.
A argumentação é curiosa. Depois do «não estava no programa do PS» (que não funcionou, porque também não estava o voto contra) e do «não houve debate público» (que é ridículo, pois esta tornou-se a «clássica» discórdia de «costumes» no pós-IVG), chegámos a um incrível «não votaremos contra o casamento entre homossexuais, mas contra o oportunismo político do Bloco de Esquerda», ao qual dá vontade de responder: se dá votos, votem a favor.
Por detrás de tudo isto, evidentemente, está um anacrónico temor ao presumido conservadorismo do «país profundo». Acontece que Portugal, nos comportamentos, já não é conservador: o casamento civil ter-se-á tornado maioritário, pela primeira vez, em 2007; uma em cada três crianças nascem de pais que não estão casados; e há um divórcio para cada dois casamentos. Estes indicadores mostram um Portugal real menos conservador do que a vizinha Espanha, onde os socialistas são, no entanto, mais corajosos. O diferencial entre os dois Estados ibéricos não se explica pelos comportamentos sociais, mas sim pelas mentalidades, e provavelmente pelas mentalidades das elites, que parecem imaginar um Portugal mais conservador do que realmente é.
Na minha escola primária, distinguia-se um «maricas» de um homossexual. Um maricas era pouco corajoso, tinha medo do escuro, do padre, das pessoas diferentes, etc; um «homossexual» fazia com os homens «coisas» que ninguém explicava bem. No PS, a esmagadora maioria dos deputados não serão homossexuais. Mas parecem (no sentido da minha escola primária) um bocadinho maricas.
5 comentários :
A guerra aberta que este blog abriu ao Partido Socialista e os omnipresentes elogios ao Bloco de Esquerda são completamente incompatíveis com o título do blog, e a ideologia histórica a que este está associado.
caro anónimo, se procurar neste blog vai encontrar posts que elogiam algumas medidas do governo actual: quando é de elogiar, elogia-se, quando é de criticar, critica-se. chama-se ter opinião própria. e cada um dos bloggers o faz em doses diferentes. chama-se diversidade de opiniões. conhece estes conceitos? parecem-lhe compatíveis com o título do blog? ou está confuso?
faz muito bem. mas lá que certas simpatias são politicamente pouco naturais...
Não sabia que o PS tem o exclusivo do republicanismo. Não lho reconheço.
E concordo com tudo o que o outro Ricardo escreveu nesta caixa de comentários.
claro que não tem o exclusivo, (existem mesmo alguns grupos significativos, ideologicamente muito distintos do republicanismo, no PS), mas os grupos ideológicos do Bloco de Esquerda é que não têm qualquer afinidade ideológica com o republicanismo de um Afonso Costa ou mesmo de um José Domingues dos Santos. Desde o PSR, a política XXI, aos maoístas e a eventuais renovadores do Marxismo-Leninismo e do velho PCP, e a eventuais anarquistas (se é que eles lá estão), que combateriam ferozmente o núcleo do ideário do P.R.P. ou mesmo do Partido Democrático... mantendo a discussão nos movimentos portugueses...
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