Aqui nos EUA a indústria dos suplementos está desregulamentada e morrem pessoas todos os meses. E as pessoas desgraçam-se sem necessidade nenhuma. Os idiotas das injecções de vitaminas têm intoxicações perigosíssimas, os que vão às clínicas da testosterona morrem com ataques cardíacos e os das pílulas para emagrecer sofrem as misérias mais inacreditáveis.
Dito isto, julgo que a maioria dos bruxos (que agora se chamam homeopatas) e dos endireitas (que agora se chamam quiropatas, acumpuntores, etc.), ou mesmo dos videntes e dos astrólogos, não fazem mal a ninguém enquanto houver um consenso sobre a não validade das crenças que defendem. Nesse sentido o monopólio da igreja católica sobre o pensamento mágico no Portugal do Estado Novo criou um espaço muito saudável para a descrença. A ICAR dizia-nos que não se podia acreditar nas coisas perfeitamente dementes que as seitas e as superstições nos propunham: o Pai Natal a voar por cima de todas as chaminés do mundo à mesma hora... por favor! Quando "toda a gente" sabia que quem punha os presentes nos sapatinhos era o menino Jesus!
Foi a ICAR que me fez ateu. A mim e à maioria dos ateus que conheço.
Acho, portanto, que enquanto os bruxos e os endireitas não tentarem justificar o que fazem com argumentos pseudocientíficos, a regulamentação da produção de placebos (por exemplo) parece-me uma coisa benéfica. Aqui nos EUA apanha-se hepatite nos suplementos alimentares.
O que é indefensável e de uma estupidez criminosa é aceitar as medicinas alternativas como alternativas sérias à medicina. Li há pouco um artigo dum jornalista completamente estúpido, a sugerir que os cientistas deviam ter a cabeça aberta para "ideias novas." A homeopatia é uma ideia do século XVIII! Quando a água, mesmo suja, era uma alternativa excelente às sangrias e às inalações de vapores de mercúrio...
A estupidez não pode, infelizmente, ser criminalizada. Mas nunca nos devemos esquecer que estas coisas da bruxaria e da religião são sempre perigosas. Conheci um homeopata que matou o pai com rezas e chás. O pobre homem a precisar de antibióticos e o filho a rezar-lhe para cima...
2 comentários :
Boa ironia num país em que a maior parte apenas entendem o sarcasmo, porque este último puxa menos pela cabeça...
Quanto ao acto de regulamentar as terapias complementares como se fossem medicinas alternativas e, além disso, fazê-lo através de portarias, em vez de dispôr através de lei que facilitasse a criminalização dos abusos, não passa de um novo modelo de bruxaria - bruxaria praticada pelo legislador, de modo a fazer crer que apenas será responsabilizado quem matar outrem...
Ainda assim, alguns andam por aí a chamar homeopatia a toda e qualquer mistela que os 'ATCV-1' comprem, ora em supostos serviços ou em coisas físicas que pagam, com e sem tabelas pré-definidas, sobre as quais publicitam supostos méritos. Azar... Alguns repetiram-se tanto uns aos outros que deixaram a sua fonte à vista, com cálculos e tudo...
Vamos lá tentar reconduzir a charlatanice ao seu devido lugar sem ofender pessoas que podem ser avaliadas de modo objectivo...
Claro. Quando falo de regulamentar a bruxaria, quero dizer criminalizar os abusos.
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