"Tenho todo o direito de presumir que Sócrates é culpado daquilo que o acusam", escreve no "Público" o João Miguel Tavares. No "Observador", José Manuel Fernandes escreve mais ou menos a mesma coisa. Tudo bem; e eu tenho todo o direito de afirmar que, sendo assim, ambos são cronistas parciais e engajados, e o que escrevem sobre este assunto não merece a mínima credibilidade. No caso do João Miguel, grave é ele ser cronista do "Público" e achar que "pode pouco".
Em defesa dos chulos
Há 1 hora
5 comentários :
O problema, é que ele não percebe que a condenação no plano mediático é muito mais danosa para uma pessoa, do que a pena criminal propriamente dita, na medida em que a segunda é reversível e de carácter temporal, enquanto que a primeira (na dimensão do bom nome da pessoa) não é. O bom nome dificilmente poderá ser restituído e a dúvida se a pessoa é idónea ou não perdurará por muitos anos, senão mesmo para sempre.
Quem se envolve na vida política está sujeito à condenação no plano mediático mesmo sem ser suspeito de qualquer crime. Mal seria que não se pudesse "condenar mediaticamente" Pedro Passos Coelho por tanto mal que - legalmente - fez ao país, só para dar um exemplo (e sem me pronunciar sobre o mal que possa ter feito ilegalmente).
Aliás, as eleições envolvem constantemente julgamentos mediáticos com informação incompleta. Julgamentos face à competência, à inteligência e criatividade, aos valores e opções políticas, e também à confiança e integridade sugeridas pelo percurso de cada um dos candidatos.
Quem não quer ser condenado no plano mediático, seja porque razão for, não se deve envolver na política activa.
A Democracia representativa exige gente disposta a enfrentar a condenação no plano mediático, para o bem e para o mal.
Estamos a falar de coisas diferentes, uma coisa é uma condenação politica e outra coisa é uma condenação judicial. Atentando ao exemplo dado, o de Passos Coelho, podemos dizer que ele é passível de uma condenação politica mas não de uma condenação judicial nos termos da lei, isto é, até à data de hoje em que ainda não foi constituído arguido num processo judicial.
O problema é que todos estes problemas radicam na superestrutura existente e nas instituições sociais que a compõe. Problemas estruturais não podem ser corrigidos, têm sim de ser transcendidos na medida em que a negação da superestrutura tem de se apresentar como uma mudança qualitativa e não quantitativa. Não como mais ou menos pobreza, democracia, igualdade ou corrupção como no caso acima exemplificado, mas numa superestrutura em que esses valores são intrínsecos a ela própria.
Adendum: Corrupção e pobreza intrínsecos à superestrutura existente, não à alternativa, à que propõe mudança, que não precisa de propôr mais democracia. igualdade ou liberdade porque estes valores são intrínsecos.
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