sexta-feira, 24 de julho de 2009

Do Opus Dei ao Opus Gay

O grupo parlamentar do PS, com Pedro Silva Pereira como cabeça de lista em Vila Real, e Miguel Vale de Almeida elegível em Lisboa, promete ir do Opus Dei ao Opus Gay. Da homofobia à homossexualidade assumida. Do clericalismo ao anticlericalismo. Do catolicismo conservador ao ateísmo pós-moderno. Da direita dos interesses à esquerda universitária.

Enfim, dir-me-ão que é o «pluralismo». Com certeza. Um pluralismo tão plural que nem se percebe qual é a linha condutora por entre tantas contradições.

Espere-se umas horas para saber se continua o acordo eleitoral do PS com o grupo católico de Maria do Rosário Carneiro e Teresa Venda, que votam habitualmente com a direita e contra o resto do PS, quando a seita religiosa a que pertencem assim o ordena. (Matilde Sousa Franco, que desempenhava o mesmo papel, está fora.)

7 comentários :

Miguel Marujo disse...

Silva Pereira do Opus Dei é da ordem do delírio, mas pronto, às vezes na sanha anticlerical tudo vale, Ricardo. Mas sobre Rosário Carneiro e Teresa Venda que votavam conforme "ordenava" a "seita religiosa" é caso para constatar que votaram muitas vezes ao lado de Manuel Alegre, ou seja "votavam habitualmente com a direita e contra o resto do PS"...

Ricardo Alves disse...

Miguel Marujo,
Pedro Silva Pereira assumiu há poucos anos a sua pertença ao Opus Dei. Veio na imprensa.

Quanto às posições das senhoras do MHD, estão documentadas nos linques do artigo. Faça «refresh» e veja como votaram a favor da homenagem ao cónego Melo, contra a despenalização da IVG, contra o divórcio (no caso de TV), como tinham um projecto desigualitário para o casamento entre pessoas do mesmo sexo, etc.

A doutrina social da igreja até pode ter pontos de contacto com o socialismo assistencialista. Mas com a promoção das liberdades individuais, não.

Filipe Castro disse...

Este texto devia-se chamar "O último combóio". O PS é uma massa informe onde cabe toda a gente. Como dizia o coronel Aureliano Buendia, o que interessa é o poder.

Não acho que este sistema seja melhor do que outro com mais partidos, com programas melhor definidos, e governos de coligação. A alegada estabilidade a que este sistema aspira não nos tem servido para nada: somos o país mais pobre, mais bronco e mais injusto da UE.

E um sistema como o holandês tem vantagens imediatas: imaginem a ICAR ou a maçonaria a terem de conspirar com 10 partidos, em vez de um. :o)

Ricardo Alves disse...

Pois é, Filipe. Seria muito melhor termos um sistema político com oito ou dez partidos políticos parlamentares, ideologicamente mais homogéneos e bem definidos. Seria muito mais limpo.

Miguel Marujo disse...

É interessante que as únicas referências de Silva Pereira na Opus Dei que o Google devolve são de blogues, sem outras referências como a sua: "veio na imprensa". Confio então na sua memória.

Mas é mais interessante perceber que a intervenção a favor de imigrantes (um exemplo) de Rosário Carneiro, de quem não me sinto politicamente muito próximo, seja desprezada. As questões sociais são questões de direitos individuais, também. E a doutrina social da Igreja não é assistencialista, assenta numa exigência do bem comum utilizado responsavelmente pelos indivíduos.

Nota para o interessante elogio ao sistema holandês: "E um sistema como o holandês tem vantagens imediatas: imaginem a ICAR ou a maçonaria a terem de conspirar com 10 partidos, em vez de um." Pois não imagino, porque a Igreja Católica não é uma força político-partidária, que actue como tal, tem indivíduos que individualmente entendem participar nos partidos com que se identificam - do PSD ao PS, do PP ao Bloco, do PCP ao MEP... Mas imagino que o sistema holandês não seja tão virtuoso, quando permite que entre o caos fragmentário de 8 ou 10 partidos emerja uma força como a extrema-direita.

Ricardo Alves disse...

Miguel Marujo,
eu não disse que a dsi é assistencialista, disse que poderia ter contactos com o socialismo assistencialista.

E as senhoras referidas poderiam fazer a sua «intervenção a favor dos imigrantes» no PSD, por exemplo. Seria mais consentâneo com os seus valores profundos, que tantas vezes as levam a votar contra o partido que as elegeu. Estando onde estão, a impressão que fica é que existem para subtrair votos à esquerda quando se votam questões de valores. Acontece que também devem subtrair votos ao PS.

Anónimo disse...

Entre os sectaristas desmiolados da Opus Dei e os nojentos vermes patogéncios da podridão da Opus Gay, acho que os primeiros me metem menos nojo.
São mais contidos e higiénicos.