terça-feira, 10 de março de 2009
Sempre do lado certo
Mais outro artigo excelente no Ladrões de Bicicletas: "Um dos artigos mostra como o comércio livre foi responsável pela transferência sistemática dos custos da globalização para os assalariados - deflação salarial generalizada, aumento da precariedade, das doenças laborais e do sobrendividamento - e para o conjunto da sociedade - problemas ambientais crescentes, encargos cada vez mais regressivos para compensar o aligeiramento da carga fiscal que recai sobre as empresas e sobre os rendimentos do capital e desigualdades crescentes."
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1 comentário :
A Globalização, tal como foi concebida, vai determinar o fim da Europa social que conhecemos: o ocidente caiu na armadilha da Globalização que os bancos e as grandes companhias lhe venderam. A actual crise não é apenas uma crise criada pela especulação bolsista americana e pela não fiscalização das reservas monetárias de segurança da generalidade dos bancos e dos fluxos monetários com destino aos paraísos fiscais onde depois se perde o rasto do dinheiro. Os bancos e as grandes companhias visavam a obtenção de maiores lucros. Os primeiros procuravam a liberdade total para fazerem o que muito bem entendessem ao dinheiro que lhes era confiado; os segundos pretendiam aproveitar-se dos baixos custos de produção no extremo oriente em virtude dos baixos salários e da inexistência de obrigações sociais. O resultado já está à vista: o descalabro bolsista e bancário, a falência de uns bancos e as ajudas governamentais a outros; a necessidade de corte nas produções industriais das empresas, incluindo nas que já se mudaram para os novos países, porque as produções se destinavam sobretudo à exportação para o ocidente onde estão as populações com maior poder de compra que está agora em rápido declínio, como fruto da globalização criada.
Ao aderirem ao desafio da globalização, os países ocidentais e da União Europeia prometeram ao seus cidadãos que as suas economias se tornariam mais robustas e competitivas e não exigiram aos países do oriente que prestassem às suas populações mais e melhores condições sociais: regras laborais justas, melhores salários, menos horas e menos dias de trabalho, férias anuais pagas, assistência na infância, na saúde e na velhice para poderem aceder livremente aos mercados ocidentais. Não! o ocidente optou simplesmente por abrir as portas à importação desses países sem que essas condições fossem satisfeitas, criando assim uma concorrência desleal e “selvagem” da qual o ocidente nunca poderá ganhar. A única solução será a de nivelar as condições sociais dos trabalhadores ocidentais pelas desses países e que são miseráveis (crianças chegam a ser vendidas pelos próprios pais para servirem de escravos). O ocidente franqueou as suas portas a países que estão em rápido desenvolvimento tecnológico com custos de mão de obra insignificantes e sem comprometimento com a defesa do ambiente, com tecnologias altamente poluidoras e mais baratas.
Estamos a assistir neste momento a uma tentativa desesperada de resistir a uma guerra perdida, nivelamento por baixo as condições sociais dos trabalhadores ocidentais. Daí a revolta que se observa nos vários países da UE. Mas será que os trabalhadores ocidentais vão aceitar trabalhar a troco de dois ou três quilos de arroz por dia, sem direito a descanso semanal, férias, reforma na velhice, etc...? Não! O resultado será um lento definhar em direcção ao caos e enquanto umas empresas fecham portas para sempre, outras se deslocam para a China ou para Índia para não serem sufocadas pela concorrência desleal, mas, até mesmo essas terão que reduzir a sua produção porque os ocidentais estão a perder rapidamente poder de compra. Entretanto, no ocidente a indigência, a marginalidade e o crime mais ou menos violento irão crescer e atingir níveis inimagináveis, apenas vistos em filmes de ficção ou referidos nos escritos bíblicos do apocalipse. Espera-nos uma espécie de nova “Idade Média”, onde restarão alguns privilegiados, protegidos por alta segurança, enquanto a maioria se afunda no caos: desaparecerá a chamada classe média e de remediados. Há que recuar mas será que ainda vamos a tempo? Apesar de todas as crises quem vai ganhar é a China, a Índia, etc e a crise nestes países representa um crescimento mais modesto de apenas 7 ou 8% em vez de 15, 20%, como tem acontecido nos anos mais recentes.
Os políticos portugueses do PS e PSD alinharam sempre pelas teses desta globalização, por isso são corresponsáveis. Ora aí têm o resultado!
Zé da Burra o Alentejano
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