A (aparente) xenofobia dos trabalhadores britânicos chocou muitos portugueses. No entanto, a raiz do problema é a União Europeia, que através dos seus múltiplos tratados criou a famosa «liberdade de circulação» que permite às empresas contratarem trabalhadores para um país de acolhimento pagando salários (e até impondo as regras contratuais) dos países de origem. O que se passa com os trabalhadores portugueses, extrapolado, é semelhante ao que se passaria se as empresas portuguesas contratassem cabo-verdianos ou ucranianos pagando-lhes o salário dos países de origem. A nossa «maravilhosa» UE permite que se faça isso mesmo. Só que os cabo-verdianos do Reino Unido são portugueses.
A lição é a mesma de sempre: liberdade sem igualdade pode ser, muitas vezes, o direito do mais forte a oprimir o mais fraco. E foi isso que a UE instituiu com a sua liberdade de circulação sem iguais direitos laborais num continente com grandes disparidades salariais.
10 comentários :
Ainda bem que eu sou anti União; sou a favor da "comunidade"!
Cá se fazem, cá se pagam. O problema é a desenfreada ganância do sistema, e isto é por trabalhadores contra trabalhadores nesta Europa dos ricos e dos poderosos.
Eliminei um comentário que configurava roubo de personalidade.
Cá está uma das razões porque a esquerda jacobina não vai a lado nenhum. Toma-se de superioridade moral e fala dos maus, os capitalistas, contra os bons, os trabalhadores.
Ou seja, se os trabalhadores britânicos têm ataques de xenofobia a culpa é dos "maus" - deles próprios é que não pode ser.
A Europa dos ricos e poderosos?...antes da União europeia, constituída por governos eleitos democraticamente, sabemos que os poderosos e ricos eram mais poderosos, prepotentes e para resolver as disputas não se sentavam a uma mesa.
Se calhar exagerei um pouco...mas na questão da "superioridade moral".
João Moutinho,
a xenofobia dos trabalhadores britânicos pode ser bem real. Eu não contesto isso. Simplesmente, o que se passa aqui é que a UE permite que os portugueses vão trabalhar para o Reino Unido com salários de Portugal, e isso é legal.
Imagine angolanos em Portugal a ganharem salários de Angola, legalmente (repita-se), e compreenderá.
Concordo com o Ricardo. os trabalhadores ingleses podem ser todos uns perfeitos hooligans, mas é o Barroso (e o Bolkestein) que lhes enfia miseráveis de um país mais pobre a roubarem-lhes o trabalho e a oferecerem-se por menos dinheiro.
Não há comparação, acho eu, entre a imoralidade da xenofobia dos pobres e a imoralidade dos ricos, que mandam vir miseráveis desesperados para competirem com os ingleses e baixarem o preço do trabalho.
Não discordo da vossa linha de base de pensamento.
Venho cá não só para "chatear" mas também para aprender ( e às vezes falar do D. Duarte).
O D. Duarte é que não!!!! :o)
Que é feito do "a trabalho igual, salário igual"?
P.S.: D. Duarte, pim!
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