Quando Salazar morreu, depois de se ter babado insconciente na cama durante dois anos, sem que ninguém lhe tenha sequer dito que já não era Chefe do Estado, não se deitou um foguete, não se verteu uma lágrima.
A Sra. Maria ficou na rua, sem pensão de reforma, e uns amigos do Chefe de Estado quotizaram-se para a meter num asilo.
A ditadura passou-se a chamar ditamole e depois caiu, sem que se tivesse disparado um tiro, na apatia geral. Os ex-PIDEs arrastaram-se lascarinos aos pés dos jovens intelectuais que tinham torturado e insultado apenas uma semana antes.
O PC entregou as colónias à URSS e depois resignou-se, também ele, à democracia parlamentar, sempre com umas saudades indescritíveis da clandestinidade, quando bastava uma palavra do Fuhrer (Cunhal) para que todos concordassem em entregar um amigo ou um camarada à PIDE, por discordar das directivas do Partido, ou por ter preferências sexuais contra-revolucionárias.
Foi isso o Salazarismo: a destruição total da auto-estima de um povo, até que ninguém acreditasse em nada, se importasse com nada, se indignasse com nada.
E agora os portugueses têm saudades!
De quê? De não haver estradas e uma viagem ao Porto demorar seis horas? De não haver escolas dignas desse nome? Dos pobres não terem passado, nem futuro, nem sapatos, nem dignidade? Da censura dos jornais? De ser preciso ter licença para usar isqueiro? De as mulheres precisarem de uma autorização escrita do marido para terem conta bancária? Ou passaporte? De ainda se morrer com cólera nos anos setenta, como no resto da Europa 100 anos antes? De haver 30% de analfabetismo? De Portugal ser o país da Europa com menos telefones per capita? E menos esgotos? E menos água potavel? E menos electricidade? De os gorilas baterem nos estudantes dentro das universidades?
Se calhar afinal foi tudo merecido.
11 comentários :
Não, nada disso foi merecido. Mas, infelizmente, essas tropelias salazarentas ainda hoje condicionam o nível cultural deste povo. Por isso, diga-mos, eles não sabem o que dizem...
O que tem alguma gente é saudade da sua mocidade. É muito comum a gente esquecer o mau e lembrar o bom. Há milhares de anos que "as coisas eram melhores antes". O que era melhor era a saude dos que têm saudade. Isto unido à fraca memória.
" não se deitou um foguete," NÃO É VERDADE os antifascistas deitaram muitos foguetes, especialmente nas colónias !!!
" não se verteu uma lágrima. " NÃO É VERDADE a supra referida senhora e os ultras do regime verteram lágrimas
" O PC (...) sempre com umas saudades indescritíveis da clandestinidade, quando bastava uma palavra do Fuhrer (Cunhal) para que todos concordassem em entregar um amigo ou um camarada à PIDE, por (...)ter preferências sexuais contra-revolucionárias "
ISTO É Q EU GOSTO NOS COMUNAS,
ALVARO CUNHAL VIVE PRA SEMPRE !!!
PCP, PCP, PCP !!!
Bom artigo Filipe Castro. Durante décadas fizeram-se lavagens cerebrais aos portugueses. Desde a apologia do pobre mas submisso à mulher obediente e religiosa. As letras dos fados, das músicas eram todas nesse sentido. Nas escolas as meninas eram obrigadas aos trabalhos de «lavores» chamavam-lhes eles. Foram meninas e meninos de mentes moldadas por esta forma de pensar («pão e vinho, um são José de azulejo» ) que educaram pessoas como o David Cameira
eU NAO PERCEBI BEM SE ESTA A DIZER Q EU SOU FASCISTA ???!!!
isso sera a " senhora " se quizer pq eu nao lhe admito ,nem a si nem a ninguem , que me fascista!!!
Mas depois gostava de saber pq é q foram fascistas e alienados q me educarm ?
E a si foram " pegas e chulos " q a educaram ???
Não é q eu sou muito tolerante mas tudo tem limites !!!
David Cameira, acho melhor que modere a sua linguagem.
»»»A ditadura passou-se a chamar ditamole e depois caiu, sem que se tivesse disparado um tiro, na apatia geral.»»»»
prezado filipe castro: não é verdade, na rua antónio maria cardoso, os pides que se encontravam dentro da sede dispararam não um mas vários tiros.
mataram 4 pessoas e feriram 45.
Fonte:
http://www.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=ano1974
Concordo com o se mocho. Ouço demasiadas pessoas, muitas até com menos de 35 anos, com o discurso "hoje em dia isto é uma miséria", "no nosso tempo", etc. Como têm saudades do tempo em que tinham mais força na verga, ou mais tempo, ou mais saúde, ou mais liberdade, ou menos trabalho e responsabilidade, há a tendência a dizer que no passado é que era bom. A Clara Pinto Correia dizia no outro dia "Pelo menos sabia-se quem era o inimigo e porque é que tinhamos que lutar".
No fundo, as pessoas têm pena de não terem 20 anos agora. Pessoalmente não conheço ninguém que, de forma absolutamente sincera, louve o regime anterior ao 25/4.
Ricardo Alves,
Depois de reler o m comentario até retiro este excerto " E a si foram " pegas e chulos " q a educaram ??? "
Mas mantenho tudo o resto.
Até pq um familiar meu foi torturado pela PIDE !
Se existem saudades não são disso,até porque continua a haver escolas indignas desse nome, pobres com sapatos chineses sem futuro, censura só não vê quem não quer, licença para pescar um simples peixe à beira mar, as mulheres continuarem a ser discriminadas, de se poder morrer com tuberculose, o abandono escolar, temos mais telefones, esgotos a céu aberto, água pouco potável, electricidade e endividamentos com fartura, e por último deixamos de ter gorilas e passámos a ter chimpanzés a bater em professores dentro e fora das escolas.
Pergunto eu, não tivemos tempo para alterar isto?
Se não, então foi tudo merecido, e venha mais.
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