Imaginemos duas situações.
A- As pessoas decidem deixar de dar uma moeda por mês como dádiva, mas passam a dar-lhe uma moeda a troco do serviço de jardinagem, do qual prescidirão quando entenderem. Nesta situação, as pessoas têm os seus jardins igualmente tratados como antes, e Janinho recebe as 30 moedas por mês como antes.
Tudo está igual, são prestados os mesmos serviços, é produzida a mesma riqueza, não há mais nem menos conforto ou bem estar material.
Mas o PIB de Gárvola aumentou em 30 moedas...
B- As pessoas decidem deixar de dar uma moeda por mês como dádiva a Janinho, passando algumas delas a dar uma moeda em troco do serviço de jardinagem. Vamos supor que 10 optam por dar.
Neste caso, Janinho terá menos moedas por mês, mas trabalhará menos que antes. Face à situação inicial, Janinho produz menos. Em Gárvola é produzida menos riqueza (neste caso sob a forma de serviços). Mas o PIB de Gárvola aumentou em 10 moedas.
Conclusão: não se pense que com este exemplo defendo a inutilidade de indicadores como PIB, e outros que tais. Acho-os extremamente úteis, devem ser estudados, a sua evolução deve ser acompanhada. Têm uma grande importância, e obviamente uma íntima relação com a riqueza que é de facto produzida.
Mas temos sempre de ter atenção a estas questões. Às vezes podem ser mais pertinentes e significativas do que aquilo que podem parecer à primeira vista.
Que a qualidade de vida não depende apenas do PIB é óbvio: a esperança média de vida, a liberdade, a justiça, a segurança, a equidade, o meio ambiente, uma série de factores influenciam a qualidade de vida além do conforto material. Mas temos de nos lembrar que mesmo para o conforto material o PIB (PPC) está longe de ser um indicador perfeito...
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