segunda-feira, 19 de março de 2007

A ofensiva clerical e obscurantista na Comissão de Liberdade Religiosa

«A mesa redonda «Religião e Educação», integrada no 2º colóquio «A religião fora dos templos», organizado pela Comissão de Liberdade Religiosa, foi marcada por um documento de Esther Mucznick intitulado «A religião nos manuais escolares».

A generalidade das intervenções, tanto da mesa como do público, foram no sentido de apoiar a linha de actuação proposta por Mucznick, e que passa por, numa primeira fase, reivindicar a criação de uma comissão junto do Ministério da Educação dominada por religiosos e que zele pela correcção religiosa dos manuais escolares; numa segunda fase, pela inserção no currículo escolar de uma disciplina multi-religiosa obrigatória.

Desde o início da existência da Comissão de Liberdade Religiosa, criada pela Lei da Liberdade Religiosa (Lei 16/2001), que a Associação República e Laicidade exprimiu a sua apreensão pela composição deste organismo estatal e pelo papel que poderia vir a desempenhar. Essa apreensão revela-se, infelizmente, cada vez mais justificada.

Se a actual Comissão de Liberdade Religiosa levasse avante as propostas apresentadas por Esther Mucznick, os estragos feitos à laicidade da escola pública e à difusão da ciência em Portugal seriam tremendos e duradouros.

1. Sob os pretextos, assumidos por Esther Mucznick, de combater o carácter que ela entende «excessivamente laicista» dos manuais escolares, e de garantir que os manuais escolares não ofendem a religião judaica por acção ou omissão, a comissão atribuiria a grupos confessionais a possibilidade efectiva de rever os programas escolares e de decidir sobre o que pode ou não ser ensinado em matéria religiosa (e não só) na escola pública, ferindo decisivamente a liberdade de ensino e a não confessionalidade da escola pública.

2. Mais grave ainda seria a «inserção no currículo escolar do estudo obrigatório das grandes religiões e doutrinas religiosas», que atingiria a liberdade de consciência dos alunos, e o direito dos pais a educarem os filhos segundo as suas convicções em matéria religiosa.

3. Finalmente, é preocupante que o deputado Vera Jardim tenha manifestado a sua abertura à correcção religiosamente orientada dos currículos, e é gravíssimo que esteja disponível para aceitá-la mesmo no caso, levantado por um elemento do público, do ensino da teoria religiosa da «criação cristã do mundo e da vida» a par da teoria científica da evolução. A escola pública não pode ser, de forma alguma, o local para a transmissão de teorias obscurantistas.

A Associação República e Laicidade reafirma que a própria existência da Comissão de Liberdade Religiosa, com a orientação actual, é um perigo para a laicidade do Estado e para a difusão do conhecimento científico em Portugal, e lamenta a complacência que a postura anti-laicista e a propaganda anti-ciência encontram no referido elemento do partido no governo.»

[Publicado originalmente no blogue da Associação República e Laicidade.]

12 comentários :

David Cameira disse...

Mas pq e q a ARL e os Centros de educação Republicana não dao cursos sobre o ateismo ???

Ricardo Alves disse...

«Mas pq e q a ARL e os Centros de educação Republicana não dao cursos sobre o ateismo ???»

Porque são centros republicanos e não centros de ateísmo.

E o que tem essa pergunta a ver com a tentativa da CLR de tornar a religião obrigatória na escola pública?

David Cameira disse...

Tem a ver q ninguem , ao q eu julgo, vai impor religião a ninguem
Mas apenas ensinar, rigorosamente, os principios das grandes religioes

De facto fui convidado mas não pude assistir á confê~rencia deste sabado mas nao vejo q do ensino e da cultura venha algum mal ao mundo...

Agora se os livres pensadores laicos, agósticos ateus e cépticos estao preocupados podiam pedir a uma entidade insuspeita de beatice ( como a ARL ) para proferir conferencias sobre a descrença para obviar aos males produzidos pelo ensino da crença

Ricardo Alves disse...

«Tem a ver q ninguem , ao q eu julgo, vai impor religião a ninguem»

Está enganado. É mesmo de tornar obrigatório o estudo da religião que se trata. Leia aqui:

http://www.fatimamissionaria.pt/noticia5.php?recordID=6663&seccao=2

«Mas apenas ensinar, rigorosamente, os principios das grandes religioes»

Se for obrigatório, isso será inconstitucional.

«De facto fui convidado»

Curioso. Para assistir aos disparates debitados pelo Jónatas?

David Cameira disse...

Mas o Ricardo Alves , tem assim tt medo do Prof Jónatas ???

Olhe q ele não é o nosso DEUS OMNISCIENTE
Por isso tb pode errar , entao ao ouvi-LO VERIFICARÁ SE ERRA OU ACERTA como tem feito ate agora...
Julgo q a cruzada dos fundamentalistas só é real na cabeça de alguns laicos mais extremados

" Se for obrigatório, isso será inconstitucional. "

Não vejo em q podssa ser inconstitucional ensinar a fé de seja lá quem for !
Inconstitucional , e até crime , seria obrigar os alunos a escolherem uma determinada fé ou impedi-los de nao ter fe nenhuma...
Isso é q seria mal agora ensinar, abrir horizontes mentais nao só nao é errado como é sempre louvavel
O que se vai " impor 2 como o Ricardo diz é q se saiba que os Evangélicos aman a BÍBLIA agora não vao obrigar ninguem a seguir a ABIBLIA , se o não quizer fazer

Mas sim, sera uma pedagia democratica muito importante que eu ao saber q o Ricardo respeita a BIBLIA não vaá para ao fpé de si so com palvras de ofensae axincalho ás escrituras sagradas
E uma manifestaçaõ de respeito por DEUS ( AUTOR DO LIVRO )e pelo Ricardo enquanto meu concidadão

Ricardo Alves disse...

«Mas o Ricardo Alves , tem assim tt medo do Prof Jónatas ???»

Nenhum. ;)

«ao ouvi-LO VERIFICARÁ SE ERRA OU ACERTA como tem feito ate agora...»

Ele tem errado sobre ciência, e não aceita ser corrigido por razões que parecem teimosia pessoal.

«Não vejo em q podssa ser inconstitucional ensinar a fé de seja lá quem for !»

Leia a constituição, David. Se for obrigatório, será, sem qualquer dúvida, inconstitucional.

David Cameira disse...

Ricardo,

Não há, nem na constituição portuguesa, ( NA QUAL ALIÁS O PROF Jónatas É UM DOS MAIORES E MAIS REPUTADOS PERITOS NACIONAIS ) nem na Constituição europeia nada que proiba o ensinar , o alargar horizontes mentais e culturais a seja quem for

«ao ouvi-LO VERIFICARÁ SE ERRA OU ACERTA como tem feito ate agora...»

Como ambos o temos ouvido soru servido de conjecturar e afirmar que, a meu ver, é o Ricardo que se está a obstinar na sanha da recusa dos argumentos científicos que lhe são propostos e no argumentário intelectual que lhe é fornecido

Desculpe-me se o ofendo , O Q NÃO É DE TODO O MEU PROPÓSITO , mas o Ricardo Faz a figura do Faraó Egipcio qd MOISE´S lhe foi requerer a libertação dos escravos hebreus... e sabe qual é o final da história , certo ?

Lastimo que tal lhe esteja a acontecer pq ao fim de tantos conetários, em blogs dos quais o Ricardo é autor, tenho já uma profunda simpatia por si

Ricardo Alves disse...

David,
artigo 43 da CRP:
«2. O Estado não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas.

3. O ensino público não será confessional.»

Explique-me como concilia isto com uma disciplina obrigatória de religião.

«é o Ricardo que se está a obstinar na sanha da recusa dos argumentos científicos que lhe são propostos e no argumentário intelectual que lhe é fornecido»

David,
eu conheço a narrativa do génesis e conheço a cosmologia inflacionária.

Não conheço uma única prova de que a narrativa do génesis seja uma descrição válida da criação do universo, e conheço várias que provam que está errada.

Por outro lado, tenho várias indicações de que a cosmologia inflacionária está correcta.

Apresente-me provas de que a narrativa do génesis é uma descrição correcta da criação do universo. Estou sempre pronto a ser corrigido quando me convencem de que estou errado.

David Cameira disse...

RICARDO,
percebeu o que leu antes de o postar no seu último comentário ? NÃO A SÉRIO ...

é q ser confessional significa, qt a mim, que o estado nao pode promover o Cristianismo, o evangelicalismo, o catolicismo, o ispiritismo, o ateismo , o budismo, o islamismo etc , etc, etc

Agora se a lei disse-se " O ensino público não será religiosos " é q era o q o Ricardo disse

ALIÁS estou espantado com a sua SÚBITA obtusidade pq este preceito ( como por ex a proibição de um nº único nacional para execrar os ficheiros da PIDE-DGS )tem a sua origem no negar a situação anteriormente vigente que assentava nun ensino vergado e dirigido aos e pelos canones da moral crista tradicional em Portugal

Ora isso é q esta errado!
Diga-me só mais uma coisa ( e hoje fico-me por esta parte pq o tempo n me permite mais mas em breve virá o comentario da outra parte do seu post - inclusive com links para site onde constam essas provas cientificas q tt procura - )

Eu n saber quem fo HITLER OU CHE FAZ DE MIM UM ANTI-NAZI/ ANTI COMUNISTA OU FAZ apenas de mim um ignorante?

logo eu devo admitir que tb não há um tao terrivel perigo de as " criancinha ficarem todas catolicas se souberem a história das aparicões de Fátima - como criticar o q não conhece-mos ? - ouassim como nao ficaram todas evangelicas se lerem os Fundamentals ou a TORAH ou o ALCORÃO OU O cREDO NICENO - Q ALIÁS DEVIA SER DE LEITURA obrigatória nas aulas de EMR Católica e Evangélica

Ricardo Alves disse...

David Cameira,
estou a ficar um bocado farto dos seus insultos. Não confessional é não confessional. Obrigar as crianças a aprender os fundamentals, a Torá ou o alcorão seria confessionalismo de Estado, ou multi-confessionalismo, se preferir. Que a Esther proponha isso, não me espanta. Que um fanático como o David concorde, também não.

David Cameira disse...

Ricardo Alves,

Sem qq intenção de insulta-lo deixe-me apenas desejar que Deus lhe abençoe.

Anónimo disse...

As religiões vivem à custa da miséria,é de lamentar que esta república das bananas anda a fazer estátuas ao carlos I.A padralhada sempre esteve encostada ao estado,excepto durante a 1ºrepública .Só existe concordata em três países.