sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Democratas, Republicanos e Economia

Consideremos os Estados Unidos da América, e os anos que vão desde 1948 até 2005. Contabilizemos os aumentos de rendimento das diferentes classes sociais. Depois, associemos cada ano aos Democratas ou Republicanos, consoante quem ocupasse a presidência, mas dando um ano de atraso (a situação económica no primeiro ano de mandato dependerá mais das políticas do mandato anterior do que do próprio). Foi isto que foi feito no livro Unequal democracy: The political-economy of the new gilded age (Princeton, 2008). Aqui estão as contas:



Ah e tal, mas os Democratas cobram mais impostos, lá se vai o rendimento. Então consideremos os anos entre 1980 e 2005, e façamos a mesma coisa para a evolução do rendimento líquido:



Coincidência? Não creio.

Identificamos que as políticas dos Democratas foram muito mais redistributivas, conduzindo a uma maior coesão social, a menores injustiças. Mas não só isto não foi feito à custa de menor crescimento económico, como pelo contrário isto levou a um maior crescimento económico - exactamente ao contrário do que Reagan defendia.
Até mesmo as classes mais altas, descontados os impostos, enriqueceram mais com os Democratas que com os Republicanos. Certas políticas redistributivas (como a aposta na educação, por exemplo) enriquecem toda a sociedade, até os mais ricos.

8 comentários :

Filipe Castro disse...

Pois talvez: mais justiça, paz e democracia, mas os democratas querem deixar os homens-sexuais casar e não se importam que as mulheres tenham vida sexual. Eu adoro discutir aqui com a senhora do aeroporto, uma avó mexicana a quem esta administração desgraçou a vida. "Isso [paz, democracia e justiça] não interessa!" diz-me ela. "O que interessa são homens com homens e mulheres com mulheres..."

João Vasco disse...

The liberal media:

http://www.openleft.com/showDiary.do;jsessionid=16AE5E72EE66F64BCDA37B4B70262523?diaryId=8971

Anónimo disse...

A crítica que me costumam fazer quando apresento estes dados é de que não os comparo com o crescimento mundial. Será possível encontrar esses dados?

João Vasco disse...

Pode ser que nos anos em que os Democratas estão no poder a economia mundial cresça mais. Mas parece menos plausível que isso seja uma coincidência ("que sorte têm os democratas, é exactamente quando estão no poder que o mundo cresce mais!") do que uma consequências natural do impacto que a economia dos EUA tem no mundo, e no efeito adverso que as guerras e conflitos diplomáticos têm na economia mundial (afinal, o ataque ao Iraque, ou o não prevenir o 11 de Setembro - que exigiu uma incompetência atroz segundo as comissões de inquérito apuraram - não prejudicaram apenas a economia dos EUA...)

De qualquer forma, creio que aqui podem ser encontrados os valores:

http://www.nationmaster.com/graph/eco_gdp-economy-gdp

Anónimo disse...

Fico muito satisfeito por verificar neste post que a abolição em 1999 do Glass steagal Act que restringia operações financeiras a bancos (lei que vinha de Roosevelt-1934) e que foi abolida por Bill Clinton, presidente eleito pelo partido Republicano, fica aqui devidamente fundamentada como uma estratégia do partido Republicano para atacar as classes médias.

Malvados republicanos...

João Vasco disse...

Dissidentex:

Ninguém neste post falou no «Glass steagal Act». O que se falou foi no efeito agregado de todas as medidas dos governos democratas e republicanas.
Os números falam por si...

Anónimo disse...

João Vasco:
concerteza.

Mas quando se tem a "esquerda"?!?! a abrir caminho...é mais fácil que os quadros depois demonstrem estas diferenças, ou não é?

Isto é a mesma coisa que compararmos as pessoas empregadas a termos incerto em Portugal depois do 25 de Abril.

Também descobriremos que aumentaram mais quando a direita esteve no poder, mas descobriremos que foi a esquerda que criou as alterações legislativas que deram origem a que, depois a direita criasse as desigualdades.
Portanto, batatas...para os quadros.

Quem é mais culpado aqui?

João Vasco disse...

Dissidentex:

Se fosse a esquerda que sistematicamente (mais que a direita) o fizesse, os quadros deveriam ser o oposto.
Note que é dado um ano de atraso precisamente para contar com o facto dos estatísticas económicas poderem reflectir o que foi feito antes.

Mas esperar que "por coincidência" os efeitos das políticas dos governos e partidos de esquerda se verificassem apenas quando a direita estivesse no poder é querer tapar o sol com a peneira.

Os dados mostram uma diferença significativa e importante (pelo menos no caso dos EUA). Não os querer ver é negação, não é mais nada.