quinta-feira, 26 de julho de 2007

Escolas públicas e privadas

A destruição da escola pública e o apoio à privatização do ensino de qualidade fazem parte de uma estratégia óbvia e natural da oligarquia que manda nos governos. Se os filhos dos ricos competissem com os filhos dos pobres em pé de igualdade não haveria garantias de continuidade para a situação.

Já assim é dificílimo arranjar empregos para os milhares de filhos dos políticos e dos aristocratas que, coitados, porque são mais lentos ou menos inteligentes, nunca teriam hipóteses de manter o nível de vida numa meritocracia.

4 comentários :

Anónimo disse...

Se por um lado é verdade o que diz, por outro não nos devemos esquecer que o filho de um político ou de alguem da classe média alta vai ter ao seu dispor (muitas vezes em na sua própria casa) meios que lhe vão permitir ter mais "bases" do que os filhos dos mais desfavorecidos. Isto é o filho de um "rico" ou de um "dr." vai ter em casa livros, filmes, discos, etc ou pelo menos tem a possibilidade de os comprar. Infelizmente é muitas vezes este o factor que se torna decisivo para o futuro de muito dos jovens o que torna esta questão bem mais complexa do que parece (porque de facto estes jovens que desde pequenos tem mais meios tem maior facilidade em distinguirem-se e em tornarem-se os mais competentes).

Anónimo disse...

E o Colégio Militar é privado, particular ou nada disso?

Golias

cãorafeiro disse...

há actualmente uma verdadeira chantagem psicológica sobre os pais da classe média que os faz acreditar que se não meterem os filhos em colégios privados eles vão fracassar na vida.

infelizmente, tenho visto muita gente que diz que é a favor do ensino público mas mete os filhos em escolas privadas.

o ensino convencional não é grande coisa, e podia ser melhor, mas é pura ilusão que os privados sejam melhores.

o que acontece com os »bons« colégios, é que seleccionam os alunos em função do rendimento escolar. os mais fracos ou não entram ou são induzidos a mudar de escola. tenho testemunhas disso mesmo.

uma amiga que trabalhou como professora de desenho para um colégio privado de lisboa com muito prestígio, os maristas, era coagida
a subir as notas aos »bons» alunos, mesmo que eles não merecessem, e chegou mesmo a ser forçada a desenhar ela mesma os desenhos dos meninos. por outro lado, era intimidada no sentido de não dar incentivo aos alunos mais fracos.

existia um assédio moral organizado a partir da direcção contra os alunos mais fracos, que, mais cedo ou mais tarde, acabava por convencer os pais a mudar de escola.

um dia falei sobre isso com uma outra amiga que tem um filho de 9 anos num colégio, e que por acaso é bom aluno. ela disse-me que achava bem, porque os miúdos tinham de se habituar desde pequenos à competição. quer dizer, ela não quer que a professora gaste energias com os mais fracos, mas que as concentre nos mais fortes.

é assim que as crianças aprendem o que é a vida???

e-ko disse...

Isto não é só por cá... mas, enquanto aqui a separação da nata se faz entre frequentar o ensino público ou privado, num país que conheço bem porque lá passei muitos anos durante na escolaridade do meu filho, a diferença faz-se entre os diferentes estabelecimentos de ensino público. De uma maneira geral só quem tem dificuldades de aproveitamento opta pelo ensino privado, isto a nível do secundário, que é financiado em parte pelo estado. Como para a saúde, em França, existe uma oferta convencionada, e oficialmente reconhecida de estabelecimentos privados e semi-privados de ensino, embora a regra seja frequentar um bom colégio e liceu público sem nunca chumbar. Não é como aqui que se deixaram os alunos chumbar à vontade ou passar por causa da idade.

Agora, os alunos sendo abrangidos dentro de uma área escolar de residência de ambiente sócio/económico desfavorável, encontram-se num apartheid educacional, e as famílias não forçosamente mais abastadas, mas, mais informadas, arranjam esquemas para pertencer a outras áreas, mudando realmente ou ficticiamente de domicílio. Depois, dentro dos próprios estabelecimentos, optam por escolher como primeira língua estrangeira, para os seus rebentos, o alemão, não pelo interesse académico ou profissional que possa ter mas, porque sendo uma língua difícil, aí se opera uma selecção de facto, pois alunos com mais dificuldades vão escolher o espanhol ou o inglês. Aqui o fim não é propriamente a desnatagem social que se procura mas um ambiente escolar mais propício à excelência académica.

Quando percebi isto, no vivo dos acontecimentos, o miúdo tinha de escolher a 1ª e 2ª língua, tive que o convencer a fazer alemão e latim para além do inglês, e, do português que praticava em casa. Claro que este grau de informação é inexistente entre migrantes e classes socioeconónicas menos favorecidas.