Parece ser o ano de todos os manifestos. Depois do «Juntos contra o novo totalitarismo» e do «Manifesto de Euston», temos agora o «Manifesto do Terceiro Campo contra o militarismo dos EUA e o terrorismo islamista» (via Vento Sueste). O primeiro era fortemente ideológico, enquanto o segundo era sobretudo uma enumeração de pressupostos ideológicos. Este último é um conjunto de duplas demarcações a propósito do Irão. Pede o isolamento internacional da República Islâmica (é feito um paralelo, explícito, com a África do Sul do apartheid), enquanto simultaneamente diz não à guerra e às sanções económicas ao Irão. Demarca-se tanto do «terrorismo islâmico» como do «terrorismo de Estado do Ocidente», e exige o desarmamento nuclear de todos os Estados. Critica as violações de direitos cívicos no «Ocidente» e apoia a luta do povo iraniano contra a «República Islâmica»...
Globalmente, é um esforço interessante para definir um «terceiro pólo» em tempos de polarização entre «ocidentalismo» e islamismo. O primeiro pólo tem o centro nos EUA e a periferia na Europa, o segundo é estruturado pelo regime dos aiatolás na vertente xíita, e pelo dinheiro saudita na variedade sunita. (Por isso mesmo, é pena que este último Manifesto não inclua o terrorismo sunita e as sua raízes saudita e egípcia na sua análise, embora se compreenda porquê: os primeiros signatários incluem sobretudo comunistas iranianos.)
Tempo de demarcações e realinhamentos na esquerda anglo-saxónica.
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