sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Algumas curiosidades (outras) sobre a Evolatria (corrigido)

La publicación de estampillas con la imagen del presidente Evo Morales o el decreto que convirtió una de las casas donde vivió en monumento histórico cuando apenas lleva seis meses en el poder están dando pie a sus críticos para hablar de un creciente culto a la personalidad del gobernante. (...) La analista política Ximena Costa señaló a la AP que hay señales de que el líder indígena habría pasado "de la egolatría al egocentrismo". La también profesora universitaria mencionó como ejemplo de esa supuesta exaltación personal, además de los anteriores casos y la declaración que hizo Morales de su pueblo natal Orinoca como "patrimonio histórico", el hecho de que el mandatario hable frecuentemente de sí en tercera persona. Morales dijo el martes en ocasión de presentar los sellos postales que no se sentía digno de tantas loas y que en realidad se trataba de un homenaje a los pueblos indígenas. "Personalmente, quiero decir que no merezco esta clase de propaganda", sostuvo. Pero la oposición ha señalado que si el presidente realmente pensara así, no debió haber permitido la emisión de los sellos por cuenta del tesoro nacional ni firmar el 21 de julio el decreto que convirtió la humilde vivienda que habitó un monumento y museo, lo que ahora será financiado por el erario nacional, al igual que Orinoca. (...) "La combinación de una persona egocéntrica con una cultura política autoritaria nos puede llevar una vez más a épocas pasadas, como las de los dictadores militares, y también a cometer tremendos errores en las instituciones públicas", como la libre disposición de los dineros del Estado para el proselitismo personal y de grupo, indicó la analista. (...) Lo que no tiene antecedentes cercanos es la declaración como monumento histórico de la casa de Morales de Orinoca. Para el historiador Fernando Cajías se trata de un caso de inmodestia, pues para dar lugar a un reconocimiento así suele esperarse a la muerte del homenajeado o, al menos, al fin de su gestión y que la iniciativa proceda de otros sectores. Morales aún no ha cumplido siete de los 60 meses de su gobierno. (Bolivia: critican a Morales por aparente inmodestia - Aug. 17, 2006;ALVARO ZUAZO;Associated Press)
###Em primeiro lugar sou o primeiro a valorar e a reconhecer a importância da vitória democrática do presidente Evo Morales nas eleições da Bolivia, para lá da figura especificamente eleita. Assim como a reconhecer a justiça e necessidade das medidas de fundo de renegociação dos contratos de exploração das petroleiras estrangeiras em Bolívia. (Outra coisa é não ser cego com relação a eventual incompetência por parte do governo de Evo na forma como está levando a cabo estas negociações.) Neste sentido concordo com o essencial do que objectivamente se diz neste post do Ricardo S. Carvalho, citação de um artigo no New Left Review, se bem que a minha posição sobre este tema está provavelmente muito longe de coincidir com a de Ricardo S. Carvalho. O que critico em políticos como Evo Morales, na Bolívia, e Chavez, em Venezuela, é o que neles há de claramente anti-democrático e que no entanto é, regra geral, ignorado, desculpado, justificado ou mesmo falseado pela esquerda européia tonta.

Acontece que para mim não é uma alternativa credível uma esquerda que não é capaz de criticar o culto da personalidade, autoritarismo, contínuas ampliações de mandatos, e despudor moral na política de alianças (veja-se Cuba, China, Rússia, Irão, e agora Síria) re-inaugurada por Chavez na América do Sul. Política com ambições claramente extra-territoriais como se viu e vê mais claramente em Bolívia, Perú, mas também em Colômbia e Equador. Chavez não esconde o seu passado de golpista na hora de estabelecer as suas amizades e é a todos os títulos o personagem político mais perigoso para o futuro da liberdade democrática nos países da zona, e isto não pode ser ignorado nem desculpado. Não se trata muito menos de defender novos golpes de estado nem ingerências igualmente anti-democráticas, mas tão pouco de vestir-lhe ao homem o manto do perdão e levantar a guarda crítica perante o perigo que ele representa.

No entanto é um facto de que a capacidade de influência de Morales é infinitas vezes inferior a de Chavez. Na verdade se Evo assusta é porque demonstra que Chavez tem realmente capacidade de influência e existe apetência nos povos da zona por este tipo de figuras. Dirão de qualquer forma ainda que não se pode comparar Evo Morales com Chavez por outras razões. Que tal como nos diz Forrest Hylton, no post do Ricardo já citado, este representa realmente uma volta no bom sentido em termos de política social, ou pelo menos a nível dos seus objectivos apresentados. A verdade é que exactamente o mesmo se pode dizer de Chavez em Venezuela, e provavelmente com mais razão do que no caso de Evo Morales também por força dos recursos que um tem em comparação com o outro. Mas isso tudo nunca poderá anular o facto básico de que a liberdade não deve ser tão facilmente negociável, e as democracias sul americanas não estão para nada imunes de regressão perante líderes que trabalhem em seu contra. Além disso tal como repudiamos qualquer apoio a regimes anti-democráticos, o mesmo se aplica então em relação a todos, incluindo Chavez e Morales. Portanto não se entende que um líder democraticamente eleito como Morales saiba, ou finja saber, tão mal o que é uma democracia ao ponto de afirmar que Fidel Castro es un hombre democrático y que defiende la vida, que tiene sensibilidad humana. O que eu sei é que estes discursos e formas de fazer política seria melhor que já não tivessem eco na América Latina. Nem em nenhuma outra parte.

Quem quiser ainda assim comprar os tais selos, parece que são realmente muitos, assim que o perigo de se esgotarem não é demasiado grande, de qualquer forma e tal como vão as coisas o melhor é se apressarem e darem um salto aqui. Um verdadeira pechincha, menos de dois dólares cada um.

O post original referia como sendo da autoria de Ricardo Alves este post nele citado quando na realidade havia sido publicado pelo Ricardo S. Carvalho, antes Ricardo (O Outro). Entretanto a referência já foi corrigida e peço desculpas a ambos Ricardos pelo erro original.

2 comentários :

Rui Fernandes disse...

O post citado não é do Ricardo Alves, mas do Ricardo (O Outro). Fui levado a engano pela parecido dos "nicks" e pela minha distração e peço desculpa a ambos Ricardos pelo facto. Já corrigirei o post de acordo.

Rui Fernandes disse...

já está corrigido